Mulheres conquistam seu espaço nos Grupos Artísticos de Cubatão

Durante muito tempo a vida doméstica definia o sucesso da mulher. Mas algumas delas têm histórias diferentes e não se deixaram limitar pelas histórias tradicionais. As artes, muito mais do que passatempo de famílias abastadas em séculos passados, virou profissão para muitas delas. As que integram os Grupos Artísticos de Cubatão são exemplos disso.

Regentes, musicistas, cantoras e bailarinas. São 140 no total, divididas entre a Banda Sinfônica e Cia de Dança, Banda Marcial e Corpo Coreográfico, Grupo Rinascita, Coral Zanzalá, Coral Raízes da Serra e Programa Banda Escola de Cubatão. Neste 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, a conquista por espaço é uma realidade nessas equipes.

“É uma luta diária. A intensa presença masculina no mundo as artes é histórica. Nosso papel é tentar modificar isso, pois temos talento e energia”, opina Nailse Cruz, regente titular do Coral Zanzalá. Além dela, a equipe é comandada pela regente-assistente Maria Fernanda Tavares. São 37 cantoras e equipe técnica num universo de 65 pessoas.

A Banda Marcial conta com 11 musicistas divididas nos naipes de teclado, trompa, trombone, saxofone, flugelhorn, percussão e no setor administrativo, numa equipe que tem 56 integrantes. Já o Corpo Coreográfico da Marcial conta com 35 jovens mulheres, além da coreógrafa Alessandra Palucci. O Grupo Rinascita de Música Antiga, com seus 13 integrantes, conta com duas musicistas. E o Programa Banda Escola de Cubatão – BEC, tem 7 monitoras ensinando música e dança à garotada.

A Banda Sinfônica tem 13 mulheres instrumentistas num universo musical de 80 pessoas. “As mulheres são mais disciplinadas e por isso, alcançam seus objetivos mais rapidamente. Temos sorte de poder contar com elas”, afirma o maestro titular da Sinfônica, Ulysses Damacena. Já a Cia de Dança da Sinfônica, que possui no total 20 bailarinos, conta com 12 mulheres e outras três que compõem a equipe técnica. “É um privilégio fazer parte de equipes artísticas tão significativas pra cidade e pra região. Tenho certeza de que a força e o talento femininos tornam cada um dos grupos musicais e de dança diferenciados”.

No caso da Cia de Dança, esse pioneirismo surgiu ainda na década de 1970, com a então coreógrafa Sílvia Maria Silva Santos, que coordenava a Linha de Frente da Banda Musical. Hoje, Sílvia é produtora da Cia de Dança. “Ela realizou um trabalho que serviu de espelho para bandas e fanfarras de todo o país. O olhar feminino sobre as artes é sempre sinônimo de competência”, afirma o maestro Roberto Farias, coordenador dos Grupos Artísticos de Cubatão.

A sensibilidade feminina na criação de projetos artísticos é comprovada pelo Coral Raízes da Serra. Elaborado para oferecer uma alternativa cultural ao pessoal da terceira idade, foi uma ideia de Sandra Diogo Moço, regente do grupo há quase 30 anos. O trabalho conta com 33 participantes, 31 mulheres e apenas dois homens. Para a maestrina, o dia 8 de março é comemorado duas vezes, pois é também o dia do seu aniversário. “Há muito o que se conquistar no universo feminino. A estrada ainda é longa, mas a mulher tem talento de sobra. Dividimos nosso tempo com maestria entre família, trabalho, amigos, lazer. A mulher é uma artista nata”, afirma Sandra.

*Prefeitura de Cubatão