Entrevista: Thamyres Matarozzi avalia Valongo Festival e anuncia centro de artes visuais em 2017

Por Lincoln Spada | Foto de capa: Sara Santis; Foto de perfil: Iatã Cannabrava

Comprometido em revitalizar a região central e portuária de Santos, o Projeto Valongo iniciou o seu processo por meio do festival que reuniu 4 mil pessoas em meados de outubro. Com mais de 70 atividades espalhadas pela região central da Cidade, o evento reuniu mais de 60 coletivos e artistas nacionais e internacionais convidados para uma extensa programação, como exposições de artes visuais, exibições de filmes, workshops, oficinas, entrevistas, rodas de conversa, leitura de portfólios e lançamentos de livros.

d1Assim, já na primeira edição, o evento nasceu com grande porte. Dando continuidade às entrevistas da Revista Relevo com realizadores de festivais na cidade, a diretora do Valongo Festival, Thamyres Matarozzi, avalia o trabalho realizado em outubro, como também os desdobramentos da iniciativa já no próximo ano. Confira a seguir a entrevista virtual na íntegra com a realizadora.

Apesar da crise econômica que interferiu no orçamento do Valongo Festival, ele já nasceu em grande porte. O objetivo é manter esse ritmo em futuras edições e já há uma periodicidade prevista para o evento?

Sim, o objetivo é que o festival aconteça todo ano em outubro. O festival sofreu grande abalo não só devido à crise econômica que assolou o país, mas também pela instabilidade que o setor cultural e ministério da cultura demonstraram ao longo do ano.

Começamos a produzir o festival em dezembro de 2015, mas foram muitos meses até as aprovações nas leis de incentivo acontecerem e as primeiras verbas caírem. Tamanho foi o atraso de cronograma que não sabíamos se o festival aconteceria até a véspera do mesmo. Tivemos menos de um terço da captação prevista, e com isso grandes dificuldades estruturais e contratempos.

Em cinco dias, o festival produzido em poucos meses conseguiu reunir 4 mil pessoas, numa cidade de mais de 400 mil habitantes, e com parte considerável do público sendo de fora da região. Com esses números, é oportuno um investimento futuro do Projeto Valongo em Santos?

Sim! O Projeto Valongo nasce em duas frentes que se complementam e fundem: o Valongo Festival Internacional da Imagem e os Núcleos Permanentes. O festival é a grande celebração que concentra diversas atividades e agentes culturais em um mesmo ambiente, um verdadeiro intensivo de pensamento e reflexão sobre o mundo da imagem, com muitos intercâmbios e grandes dimensões.

Mas grande parte do Projeto Valongo se dá através dos Núcleos Permanentes que são atividades que acontecem ao longo do ano no Valongo. Nosso próximo passo é a abertura do Centro de Pesquisa das Narrativas Visuais do Valongo (Rua Tuiuti, 26) que sediará grande parte dessas atividades, já estamos trabalhando em uma programação que deve ser lançada no começo do próximo ano.

Após o festival, o Projeto Valongo pretende manter um centro de pesquisa sobre a imagem, vindo a sediar graduações ou cursos de extensão universitária. Já há parcerias e até outras ações previstas para o prédio recém-aberto?

Sim, hoje temos parceria com a Unimes que tem nos apoiado desde a concepção do projeto e estamos desenvolvendo junto a eles cursos livres e de extensão para o próximo ano. É importante frisar que também estamos em negociações com outras universidades da Baixada para que sejam desenvolvidos cursos voltados para o setor cultural ou de comunicação e que sejam ministrados no Valongo. Acreditamos na forte aliança entre o setor cultural e educativo, no Projeto Valongo indissociáveis.

Durante o evento, alguns ruídos aconteceram na produção e diálogo com artistas locais. Em seguida, o festival dialogou com eles, mas vocês observam algo de positivo a partir dessa experiência? E há pretensão de estar mais inserido no panorama regional?

Os contratempos sofridos pelo festival foram muitos, típicos de um projeto novo, em novo território. Através do festival passamos a conhecer uma classe artística forte e atuante que nos recebeu muito bem e que infelizmente frustramos por diversas razões. Temos como meta para os próximos anos não só um diálogo maior e mais eficiente, mas também mais trabalho em conjunto tanto em termos de equipe (os fazedores culturais) como em termos artísticos.

Ao mesmo tempo, o Valongo Festival reuniu fotógrafos, roteiristas e editores de outras nacionalidades, como já havia no Paraty em Foco, produzido noutros anos pelo Estúdio Madalena. Qual foi a percepção geral dos profissionais convidados e dos realizadores ao fazer o evento em Santos?

Foi muito positivo. Inclusive os próprios brasileiros que já conheciam Santos, mas um outro lado da cidade, ficaram maravilhados com o que viram. O Valongo é de fato um lugar muito especial, com características únicas e infraestrutura para um projeto como este.

 

Revista Relevo entrevista ex-secretário de cultura de Cubatão, Welington Borges

Por Lincoln Spada

Recentemente, o ciclo do servidor municipal Welington Borges foi completado à frente da Secretaria de Cultura de Cubatão. Ele assumia a função desde 2010. Autor e coautor de livros históricos (desde Afonso Schmidt até a construção da Avenida 9 de Abril), Welington já trabalhou no Arquivo Municipal e em programas para crianças e adolescentes nos anos 80 e 90.

Nos anos 2000, foi o responsável pela Biblioteca e Arquivo Histórico, além de coordenador da criação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural, órgão em que presidiu até 2011. Historiador com pós-graduação em meio ambiente e turismo, já enquanto secretário de Cultura, ele também interinamente em 2012 assumiu a pasta de Turismo. Em entrevista pessoalmente à Revista Relevo, Welington avalia sobre a atuação da Secretaria da Cultura nestes últimos sete anos.

Durante a atual gestão, foi criado o Cubatão Danado de Bom, que teve a sua periodicidade mediada pela Lei Rouanet. Por que a busca por esse incentivo fiscal e qual o legado do festival para a cidade?

c5Bem, foram quatro edições do Cubatão Danado de Bom, e só a última teve apoio via Lei Rouanet, as demais foram com apoio direto das empresas locais. E, de certa forma, sempre há recursos da própria prefeitura. O evento tem como objetivo sempre valorizar a cultura nordestina, atento em como valorizar a população, o munícipe de origem nordestina, bem mais do que necessariamente atrair turistas.

Além de não ser um evento isolado no calendário, mas de ter o assunto também trabalhado nas escolas durante o ano. Em todas as edições, temos artistas locais, e homenageamos moradores que são nordestinos. Penso que o evento já se consolidou, é uma marca da prefeitura, e se houver interesse do próximo governo, já tem todas as condições de ser realizado com investimento direto ou leis de incentivo da indústria local.

Em 2011, houve a entrega do Novo Anilinas, e desde então, há uma série de ações do Poder Público ou da comunidade por lá, como concertos, cinema, teatros e afroempreendedorismo. Como avalia o parque como espaço de formação de público e neste trimestre ainda são estimadas outras intervenções públicas no espaço, como o cine-auditório no Centro Multimídia?

c1O Parque Anilinas é uma opção de lazer da cidade desde 1979, sempre tendo espaço para os esportes e artes. Quando o governo previu a sua reconstrução, concedeu um espaço privilegiado para a cultura como o centro multimídia. A cidade não tinha salas de cinema há 10 anos. Agora, são duas salas de cinema, salas para oficinas, o vão cultural, tudo concentrado num mesmo espaço.

Neste centro cultural, também há a previsão da sala de teatro, de 350 lugares. Inicialmente seria um auditório, mas entendemos este novo uso para o local, que contou com apoio da própria indústria local, Já contamos com toda a estrutura cenotécnica, o que falta é a parte da acústica, adequações nos camarins e a montagem, por exemplo, já temos as poltronas. Não é possível entregar nesta gestão, mas, esperamos que o próprio governo consiga adequar o teatro, para que seja usado para espetáculos.

c6Principalmente nestes três anos, muitos coletivos culturais surgiram na cidade e passaram a realizar saraus e festas no Pinhal do Miranda, Jardim Casqueiro e Centro. Como a Secult observa esses eventos e as demandas apresentadas pelos participantes? Existe diálogo com esses grupos?

Com certeza. A gente conhece os coletivos e sempre procura ouvi-los e dialogar com eles, como também, oferecer apoio à medida do possível. Às vezes com estrutura de palco, às vezes com apoio logístico.

Cubatão é a cidade que mantém o maior leque de corpos estáveis, como coral, orquestra, banda sinfônica e corpo coreográfico. Qual é a importância desses grupos artísticos para o município e até que ponto os cubatenses se relacionam ou participam dessas organizações?

c7Os corpos estáveis são fundamentais para a cultura na cidade, uma vez, por exemplo, que a Banda Sinfônica existe há mais de 40 anos. São grupos que representam o município: a Banda esteve na Europa, o Coral Zanzalá já esteve em Nova York, a Cia de Dança da Sinfônica foi convidada para ir aos Estados Unidos. Além do mais, a maioria de quem participa dos grupos artísticos, coralistas, instrumentistas e músicos são oriundos da própria comunidade, e também há um intercâmbio com artistas que participam de orquestras e companhias do Brasil e do exterior.

Há 30 anos, discutem sobre a ativação do Teatro Municipal, a centralizar a agenda múltipla de artes cênicas. Desde então, a região já ganhou sete teatros públicos e Cubatão tem um espaço privado. Na visão da Secult, ainda há demanda para um novo teatro na cidade e como será a futura gestão do equipamento?

c8Recentemente, a Prefeitura apresentou um projeto de lei na Câmara de Vereador para conceder a uma ONG, uma instituição, a possibilidade de concluir a obra e explorar o prédio. Tenho certeza de que se pensar no prédio somente como um teatro, é muito difícil conseguir recursos financeiros para a sua manutenção.

Ali, talvez o caminho seja uma parceria, do teatro enquanto junto de uma escola, ou uma faculdade para melhor aproveitar o prédio. Bem, essa foi uma das propostas colocadas à época sobre o uso do espaço. Mas pensar que o Poder Público consegue manter e concluir o edifício, é muito improvável.

Se por um lado a atual gestão descentralizou espaços de leitura e acentua o legado de Afonso Schmidt, a Biblioteca Central ainda necessita de reforma. Que projetos a secretaria desenvolve hoje para o incentivo à leitura e como está a situação das bibliotecas da cidade?

c9Na verdade, a reforma da Biblioteca Central já foi concluída, a partir das adequações apresentadas no projeto técnico do edifício. O problema atual da biblioteca é o Auto de Vistoria do Corpo dos Bombeiros. Tudo que foi apontado pelo Poder Público, foi atendido, mas não era possível atender as primeiras adequações apresentadas pelos bombeiros.

É porque é um prédio da década de 30, e, ali, qualquer ação precisa ser bem pensada, para não descaracterizá-la enquanto patrimônio histórico. Nesta próxima semana, os bombeiros irão verificar o edifício e, se tiver uma avaliação positiva, solicitaremos o AVCB para o reabrirmos, se possível, ainda em dezembro.

A Baixada Santista corresponde a 1% do território estadual, mas 6% dos espaços museológicos, de acordo com o Governo Estadual. O secretário já presidiu o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão, o Condepac. Como a Secult hoje observa a relação com o conselho e houve avanços na preservação da memória da cidade?

c9aO Condepac está em época de mudança de mandato e logo precisará fazer as convocações. Já que a administração está no fim de mandato, talvez seja adequado esperar o novo governo, que pretenderá indicar os seus representantes no conselho, para reativar seus trabalhos.

O Condepac foi criado em 2003, à época presidi a comissão que o instituiu e, depois, presidi o conselho até 2010. Houve muitos avanços, e o Condepac cumpre bem o seu papel, no tombamento de patrimônios, enquanto consultado em intervenções em áreas próximas de tombamentos, em bastante diálogo e respeito pelos órgãos da Prefeitura, do Ministério Público e da sociedade.

Nesta década, a Secult foi uma das maiores defensoras das políticas culturais, articulando encontros e seminários à comunidade artística. Mas como está hoje o panorama do conselho de cultura, fundo de incentivo, e as leis do Sistema e do Plano Municipal de Cultura? Quais foram as maiores conquistas ou entraves da gestão nesta articulação?

Então, não temos o Plano Municipal de Cultura. Já o conselho está desativado. Há dois aos, nós fizemos uma proposta parar mudar a lei, a fim de corresponder com o formato indicado pelo Ministério da Cultura [como Conselho Municipal de Políticas Culturais], mas não foi muito bem entendido por alguns artistas. Por exemplo, a questão paritária, pois até então o conselho só tinha dois membros do Poder Público.

O que pode parecer a princípio como forma de cercear os artistas no debate, na verdade é porque surgiam várias discussões sobre recursos orçamentários, questões jurídicas, e as secretarias de planejamento, de assuntos jurídicos, não estavam representadas no conselho, como também outras essenciais, como educação e comunicação.

Bem, essa modernização foi aprovada agora, com algumas alterações de emendas na Câmara, mas o conselho vai passar a vigorar em janeiro de 2017 conforme a legislação. Até por isso, o fundo que foi criado em 2013, deve ser efetivado agora no novo governo, já que o conselho gestor conta com participação e acompanhamento dos conselheiros de cultura.

 

Entrevista: ‘A Tarrafa Literária está bem inserida no circuito de festivais’, afirma Tahan

Por Lincoln Spada | Foto: Marcus Cabaleiro (capa) e José Luiz Tahan (demais imagens)

Com objetivo de evidenciar a literatura e conquistar novos leitores, aproximando-os de escritores de renome nacional e internacional, a Tarrafa Literária completou a sua oitava edição em setembro de 2016. Entre os dias 21 e 25, o Teatro Guarany e o Sesc Santos receberam a programação gratuita do evento realizado pela Editora Realejo.

a4Ao todo, foram dez mesas de debates, além de atrações infantis e um espetáculo de abertura, protagonizado pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão e sua filha, a cantora Rita Gullo. A autora Maria Valéria Rezende, a cartunista Laerte, o editor Mino Carta, o apresentador Paulo Henrique Amorim, o cronista Gregório Duviviver foram alguns dos convidados deste ano.

Em entrevista virtual à Revista Relevo, o idealizador e diretor do festival, José Luiz Tahan, aborda sobre o panorama do evento que compõe o calendário Setembro Criativo em Santos.

Com oito edições, a Tarrafa Literária praticamente consolidou seu formato e público em Santos. Como ela é analisada dentro do panorama estadual ou nacional dos festivais literários?

a8Bom, acredito que essa resposta vem de outros, de fora, mas vamos lá: estamos avaliados e aprovados em veículos do Brasil inteiro, além de termos uma parceria institucional de longa data junto ao Governo do Estado de SP. Estamos bem inseridos no circuito brasileiro de festivais de literatura.

Praticamente se convencionou que o festival perdure cinco dias, iniciando com show, seguindo em torno de 10 mesas no Guarany e com programação infantil, voltada à contação e teatro. Existe vontade de estender a Tarrafa para outros palcos ou com outras linguagens artísticas?

A nossa linguagem é por e pela literatura, apesar de abordarmos muitos segmentos dentro da ficção e da não-ficção tendo um evento múltiplo e de assuntos amplos. A literatura e o livro é um suporte rico e consagrado, podendo sim dar margem desde à música associada e por que não ao teatro? Quando nascido de uma obra literária, essas fusões podem acontecer no futuro.

Este ano, foi inegável que a partir de questões do público ou os próprios autores convidados, parte das mesas abordassem o impeachment e consequências. Até que ponto você vê que a crise político-econômica afeta no processo criativo e na produção de livros no País?

a6O mundo que nos cerca claramente nos atinge, se estamos falando de escritores e pensadores, é claro que vão repercutir e abordar conflitos, seja na sua arte, seja na sua rotina. Alguns devolvem de uma forma mais crítica, outros mais bem humorada, isso é importante, é a história que vivemos.

Noutras vezes, muito se comentava sobre o orçamento do festival, proporcionado em grande parte via incentivo fiscal. Em 2015, o evento contou com metade do patrocínio de 2014. Este ano, houve um orçamento ainda mais reduzido? E como você observa a demonização cada vez mais crescente da Lei Rouanet?

Festivais ou projetos que buscam incentivos de leis sempre tem seus desafios renovados ano a ano, nunca se tem vida fácil. Mas o que você comenta é parte do total, nós não temos a renúncia fiscal como a grande parte que viabiliza o evento, temos mais da metade dos recursos do total vindos de outros apoios, via verba direta mesmo, decidida pelas empresas, instituições ou pessoas que acreditam no evento.

Esse ano, apesar do clima adverso, tivemos bons resultados e discordo de você quanto a demonização da Rouanet, o que houve foram investigações e buscas em cima de produtores desonestos, aliás, que existem em todos os campos da sociedade, os desonestos tem que ser combatidos. A lei Rouanet é bem interessante, e séria, feita também por gente comprometida, de valor.

Revista Relevo entrevista secretário de cultura de Guarujá, Odair Dias Filho

Por Lincoln Spada

Desde que a então secretária de cultura Mariângela Duarte aceitou a candidatura à Assembleia Legislativa de SP, a pasta foi assumida pelo seu adjunto, Odair Dias Filho, em abril de 2014. Aos 40 anos, ele também já presidiu o Film Comission na Cidade, e particia da diretoria do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra.

Assistente social e ex-candidato ao Legislativo pelo PCB, Odair marcou sua gestão com a busca por políticas públicas culturais e a criação de equipamentos e programas descentralizados que ampliassem a viés cidadã da cultura. Em entrevista virtual à Revista Relevo, o atual secretário faz um balanço sobre o mandato durante a gestão da prefeita Maria Antonieta.

As artes urbanas e a cultura negra tiveram relevância na atual gestão da Secult, principalmente com a entrega da Usina de Hip Hop com estúdio municipal. Como se deu a criação deste equipamento e como a Secult observa o panorama deste segmento em Guarujá?

a3A atual gestão da Secretaria de Cultura de Guarujá sempre manteve diálogos constantes com todas as classes artísticas da Cidade, fomentando a Cultura em toda sua plenitude. Em reuniões com o movimento negro e o movimento hip hop, entregamos recentemente a Usina no Hip Hop, em uma área de alta vulnerabilidade social.

O surgimento do equipamento se deu por conta de uma reivindicação e ao mesmo tempo uma necessidade do movimento de expressar sua cultura e sua arte tão importantes nas relações sociais contemporâneas. Diante disso, as intervenções urbanas com ênfase nos quatro elementos do hip hop têm papel relevante na construção de uma sociedade mais justa e na autonomia popular, do jovem negro e da periferia.

O desafio exitoso foi planejar e transformar essas demandas em política pública. Hoje, o equipamento oferece oficinas de Grafite, Aerografia, Dança, Rima, DJ Break Dance, além de um estúdio de gravação próprio. Nos próximos dias, deverá ser publicado um decreto que institui a gestão compartilhada da Usina, com o movimento inclusive na curadoria do estúdio, que em breve será inaugurado.

Após hiato desde 2011, o Teatro Procópio Ferreira foi reaberto há pouco mais de um ano. Neste período, pode-se considerar que o equipamento já retomou as produções artísticas locais e conta com bom público em suas atividades?

a5O Teatro Municipal Procópio Ferreira tem cumprido seu papel no processo de democratização de seu espaço entre as companhias e grupos locais. Por meio de editais, os artistas de teatro, música e dança têm tido a oportunidade de mostrar seu trabalho de forma profissional e com a devida estrutura, que este equipamento completo oferece.

Nesta gestão, um destaque foi o Ateliê Artes do Palco, proporcionado via emenda parlamentar no Congresso. Como a comunidade respondeu ao projeto e até que ponto os deputados da região colaboram com a cultura no âmbito local?

a1O Ateliê Artes do Palco cumpre um importante papel na formação artística inicial e também no uso do seu espaço através de edital. Entendemos que a sua aceitação foi a melhor, pois a população procura sempre participar dos seus cursos.

A Secult ampliou nestes anos a rede de bibliotecas e gibitecas em várias escolas e espaços pela cidade, também realiza concurso literário e um festival municipal para o setor, sendo uma das cidades que mais valoriza este segmento. Que exemplos a secretaria pode demonstrar um possível resultado sobre estas ações de incentivo à leitura?

a1O estímulo à leitura e a produção literária devem ser ferramentas na política pública de cultura e foi explorada de forma constante por esta Administração. A Secult promoveu constantemente festivais literários, como o “Pérolas da Literatura”, feiras de troca de livros, contação de histórias; participação no Pro-ler e ainda as Geladeiras Bibliotecas distribuídas em algumas unidades de saúde do Município.

No atual mandato, a Prefeitura reassumiu a Fortaleza da Barra Grande, a comunidade abriu o Museu Joias da Natureza e ainda há patrimônios públicos a restaurar. Quais são as principais conquistas e entraves do Poder Público em relação aos patrimônios históricos da cidade?

a4A política de Patrimônio Histórico teve seu impulso inicial nessa gestão e caminha de forma ainda tímida, por ser tão especifica. Tivemos grandes conquistas na área, que hoje é coordenada pela secretaria-adjunta, a arquiteta Patrícia Lima, pós-graduada em restauro.

A Fortaleza da Barra virou museu e vem implementando atividades e oficinas constantes em várias áreas de Educação Patrimonial. Além disso, foram aprovados na Agência Metropolitana da Baixada Santista dois projetos de prospecção arqueológica (um da Fortaleza da Barra e um do Forte São Felipe). As licitações estão sendo preparadas.

Outra novidade é a cessão do Forte Itapema restaurado à Prefeitura, pela Receita Federal, sonho antigo da população de Vicente de Carvalho.

Uma discussão frequente na mídia e até em campanhas eleitorais é sobre os Planos Municipais de Cultura. Desenvolvido desde 2014, como está sendo o processo de construção do plano e há previsão dele já estar em vigor até o fim do ano?

a2O Sistema Municipal de Cultura de Guarujá já existe. Temos ainda o Fundo Municipal de Cultura e o Sistema Municipal de Financiamento à Cultura. O próximo passo é a aprovação pela Câmara Municipal, do Plano Municipal de Cultura, que está em fase final pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais e a Secult.

No atual mandato, houve um movimento na cidade sobre a emancipação de Vicente de Carvalho e que haveria pouca participação da Prefeitura na região. No setor cultural, também deveria ter maior descentralização de atividades para a população do distrito?

A Secult tem dois equipamentos culturais em Vicente de Carvalho: a Usina Hip Hop e o Anfiteatro Ferreira Sampaio, que oferecem diversas oficinas e cursos, atendendo centenas de munícipes. Além de ações decentralizadas em praças e equipamentos de outras secretarias.

Cidade vizinha, Santos conta com uma verba periódica de cerca de R$ 350 mil para financiamento para dezenas de grupos artísticos locais desde 2010. Se lá é por bilheteria dos teatros municipais, em Guarujá os prefeituráveis desejam leis de incentivo.  Mas com o atual mandato, a Secult vê demanda e alternativas para edital de fomento à cultura na cidade? Qual seria o modelo mais apropriado?

Com o Sistema de Financiamento à Cultura instituído e o Fundo de Cultura também, a partir do próximo ano, Guarujá terá instrumentos legais para publicação de editais de arte e cultura, atingindo os artistas e grupos da Cidade.

 

Entrevista: ‘A curadoria coletiva foi uma grata surpresa’, avalia diretor do Curta Santos

Por Lincoln Spada

Com o tema ‘Inclassificáveis’, o Curta Santos – Festival de Cinema de Santos teve diferenças pontuais em sua 14ª edição, realizada entre 26 de setembro e 1º de outubro. A recém-aberta Cadeia Velha foi palco do início e encerramento do evento que segue desde 2002 na cidade.

a9Se por um lado não houve o anúncio antecipado de celebridades homenageadas na abertura ou o Curta Escola, por outro se consolidou a Mostra de Longas e ampliou as linguagens artísticas durante o festival que contou, entre suas ações, com o Encontro de Criadores.

Ainda, o movimento audiovisual local [CinemaMêmo e Mostra das Minas] ganhou mais espaço com oficinas e sessões do evento, que reuniu 51 filmes em 16 sessões. A curadoria coletiva entre os inscritos da mostra regional Olhar Caiçara também foi uma novidade. E a avaliação da última edição é abordada em entrevista por telefone com o diretor do festival, Ricardo Vasconcellos.

Esta é a primeira edição que o Curta Santos não homenageia publicamente algum cineasta ou artista reconhecido na cena nacional. Por qual razão houve essa mudança e até que ponto isso afeta a visibilidade e a relação do público com o festival?

a91Bem, a gente não é engessado em formatos. O Curta Santos sempre quando tem uma oportunidade de homenagear ou identificar personalidades que contribuíram para fomento ou cenário do cinema nacional, faz esta homenagem. Neste ano, nós não abrimos publicamente a quem estaríamos homenageando, que foi a Helena Ignez. Ao aceitar compor o júri e ministrar uma atividade conosco, pensamos toda nossa arte visual em cima da imagem dela e, na abertura, ela se sentiu surpresa.

Entregamos o Troféu Maurice Legeard a ela por toda a trajetória que já tem, que tinha a ver com o tema deste ano do festival, ‘Inclassificáveis’. Então não teve o anúncio anterior, mas foi muito mais pela surpresa para a Helena Ignez. Sobre a visibilidade, acho que não reduziu, porque o festival está consolidado, e o que é mais importante [ao público] são as mostras, as produções realizadas em nossa região.

Também neste ano, o evento proporcionou uma curadoria coletiva e realizadores locais passaram a dar oficinas, junto de Fernando Timba, Helena Ignez e Di Moretti. O festival prevê ou prepara em curto prazo maior participação dos cineastas locais também na gestão do Curta Santos?

a3É uma consequência natural. Aqui na região, temos grandes profissionais, e estão despontando, não só no universo audiovisual, mas que também atuam em outras áreas. Temos como exemplo, o Rafael Gomes [cineasta, diretor teatral, dramaturgo e roteirista], que já participou do Curta Santos como jurado e realizador. E de dois anos pra cá, a gente percebeu que o movimento audiovisual [CinemaMêmo] ganhou corpo, fala e participação, e por que não, que os seus integrantes estejam no festival da cidade?

A gente fez o convite ao CinemaMêmo e, em comunhão, escolheram pessoas para ministrar atividades, e as atividades ocorreram na Oficina Pagu, na própria Cadeia Velha, e nos morros. Alguns já desenvolviam essas atividades formativas no Curta Escola [oficina audiovisual para alunos do Ensino Fundamental], quando estavam na faculdade.

a95Em relação à curadoria, foi um experimento. Noutros anos, a gente já fez a curadoria da Mostra Olhar Caiçara com a equipe da organização, com pessoas de fora, com gente da própria cidade, dentro da área de cinema, com e sem a nossa participação… E percebemos na escuta do próprio movimento, que a curadoria poderia ser mais democrática, então a gente entendeu que quem deveria essa escolha do Olhar Caiçara eram os próprios realizadores.

Para nós, foi uma grata surpresa. Foram quase oito horas por dia assistindo a quase 50 filmes. E a gente percebeu que curtiram muito, os realizadores vieram [só houve desistência de cerca de 15% entre os 60 inscritos]. Como a gente sempre falou, somos abertos para sugestões, conversas, tanto de grade, quanto de formato para as edições do Curta Santos.

Nas mostras caiçaras, percebe-se ter cada vez mais produções de mulheres cineastas (36% ante 22% dos selecionados em 2015). Que fatores podem ter contribuído para esse protagonismo feminino no audiovisual? E isso é perceptível apenas na Baixada Santista ou também num contexto nacional?

a7Sim, penso que é o momento que se reflete no cenário nacional. Bem, a gente tem referências femininas no audiovisual muito importantes que trabalham há anos na nossa cidade, como a Raquel Pellegrini [coordenadora de cinemas da Secult] e que contribuíram com o Curta Santos, como a Andréa Pasquini [cineasta], diretoras recém-formadas pelo Querô e Unimonte, a diretora do Instituto Querô, Tammy Weiss [também coordenadora do SP Film Comission]. Você tem uma questão natural.

A direção de cinema firme e competente, independe se é mulher ou homem, pois o mais importante é a obra. Com o surgimento da Mostra das Minas, incluída na grade do Curta Santos, além da obra ser importante, também há o manifesto dos direitos e do respeito à questão da mulher no Brasil e no mundo.

a5Isso penso que é o papel do festival, em abrir espaços para essas oportunidades e profissionais, e, a nossa cidade tem mulheres realizando, e se posicionando, e utilizando o audiovisual como sua bandeira de discurso enquanto artista. É louvável. E o Curta Santos tem a honra de ter mulheres a frente de sua produção, pois a maioria de quem produz o festival são mulheres [quase dois terços da equipe].

Com a curadoria coletiva, a mostra Olhar Caiçara além das tramas juvenis, ampliou a participação de documentários, principalmente sobre as consequências da desigualdade econômica regional e narrativas sobre pessoas com deficiência. Num país em que a bilheteria nacional se concentra em super-heróis e comédias, como vê razões para o cinema local investir neste outro panorama?

a94Todo curta-metragem é uma possibilidade, um experimento. O curta dá essa flexibilidade para fazer uma obra mais prazerosa, autoral, que não precisa ser institucional ou encomendada pelo mercado. Muitos dos realizadores que conversamos, afirmam que os curtas são os que estão sentindo naquele momento. E se aparecem documentários que falam de pessoas com deficiência ou questão econômica, é porque esses fatores refletem na vida deles, no seu entorno, na cidade.

É muito interessante na nossa região ter essas abordagens do gênero documentário. E no festival, a gente tem a premiação para documentário, reconhecemos o gênero enquanto obra. A gente recebe muitas produções locais e nacionais de documentários, e acredito que é porque as pessoas experimentam os assuntos à sua volta.

a93Pelo que se pode ver, a curadoria coletiva considerou esses assuntos pertinentes para discussões. Claro que se pode futuramente elencar os filmes selecionados para uma mostra de documentários, fazer um recorte, que possa ter outro desenvolvimento pós-exibição [uma discussão]. Pode-se fortalecer mais este gênero, que já ocorre noutros momentos na cidade, como a itinerância do Festival É Tudo Verdade e Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.

Na atual edição, o Curta Santos voltou com longas-metragens, manteve a sessão de videoclipes e não contou com a mostra estudantil. E com a volta da Cadeia Velha, passou a dialogar mais com outras linguagens. Este formato agradou o público e deve continuar nos próximos anos ou há vontade para remodelar quais ações?

Percebe-se que as mostras competitivas precisam sempre ter um olhar diferenciado. E a gente ainda quer possivelmente imprimir uma mostra competitiva de longa. Por vezes, fazemos um recorte de ineditismo dos filmes na região, por vezes são escolhidos pelo tema do festival, ou pelo cineasta homenageado. Trata-se de um processo que está em maturação, de como inserir os longas nas próximas edições.

a1Uma grata surpresa foi a mostra Videoclipe Caiçara, e a importância das produções para o audiovisual na região. Existe uma atenção dos realizadores e bandas de se expressarem através do audiovisual, então tivemos um grande número de inscritos. Bem, as produções nesse formato são ricas, em pesquisa, em colocar a música à serviço da imagem e vice-versa, e isso merece uma discussão bem. Quem sabe transformá-la noutro momento como foi a Mostra Curta Cris [sessão de cinema LGBT que hoje é o festival Sansex de Diversidade Sexual]?

A gente não parou e refletiu sobre um outro momento só de videoclipes, mas enquanto essas produções estão no Curta Santos, estamos dando o maior espaço, que é a sala do Cine Roxy, em horário nobre, como noutras mostras. E ver uma sala cheia para assistir a videoclipes é muito bom. Já colocamos noutros formatos [como espaços alternativos, bares e festas], mas os realizadores apostaram nas salas de cinema e a parceira TV Tribuna também entende essa força, consagrando-os com a exibição em programas no fim de ano.

a4Sobre o Curta Escola, de certa forma, a gente não deixou de fazê-la. Continuamos levando escolas e entidades sociais em parceria com o Fundo Social de Solidariedade para o Curta Matinê [sessões estudantis], neste ano, foram quatro sessões. E também há o próprio avanço do movimento audiovisual local, que hoje ministra oficinas para outros públicos.

Desde a 10ª edição, o Curta Santos revê a sua missão e posição dentro da cidade. A gente vê a melhor forma de como exibir a produção regional, nacional e, quem sabe, filmes internacionais. Penso que hoje o principal foco do Curta Santos é não estar engessado em formatos, mas estar aberto para tratar de inovações diretamente em conversas com quem realiza.

Um questionamento constante dos festivais é até que ponto é necessário o caráter competitivo do evento. Se consagraram o passado do evento nestes anos, os troféus devem continuar no futuro do Curta Santos nas próximas edições?

a2Ainda não fizemos a reflexão sobre esse assunto. Alguns realizadores já colocaram ao festival de não ter mais prêmios, ao mesmo tempo, tem realizadores que gostam desse reconhecimento. O troféu é uma singela homenagem a um grande divulgador do cinema em nossa cidade, que é Maurice Legeard, uma referência na arte, na resistência, e receber um prêmio com o nome dele é uma honra, mesmo.

Penso que a reflexão é um pouco maior, não envolve só a premiação, mas também de talvez não ter mais distinção das mostras Olhar Brasilis e Olhar Caiçara, já que as produções têm o mesmo nível de produção. Mas esse momento de discussão é com o próprio movimento audiovisual, e isso a gente ainda não fez.

a1Penso que existe ainda um valor dado ao recebimento do prêmio. E reconhecemos que, se não existisse premiação, poderíamos ter uma mostra mais extensa de filmes, fazer outras discussões que tenham prioridade, mas precisamos amadurecer. É importante sentir o momento, noutras vezes, por exemplo, tínhamos mostras universitária e independente, depois entre documentários e ficções, hoje nacional e regional.

Bem, hoje o nosso principal objetivo é chegar o mais próximo à população em geral, em exibições mais abertas, fora das salas de cinema. Porque geralmente as pessoas que têm determinado conhecimento na área, prestigiam os festivais e todas as sessões são lotas, mas a população, em geral, participa de outra maneira. Às vezes na Internet, às vezes na exibição dos filmes pela TV. Creio que todos os festivais buscam como abrir as ações para toda população, até para que possa entender como o cidadão pensa sobre a obra e o evento.

Revista Relevo entrevista secretário de cultura de São Vicente, Amauri Alves

Por Lincoln Spada

Um dos principais nomes da trajetória da Encenação da Fundação da Vila de São Vicente, Amauri Alves participou da produção das primeiras edições dos anos 80, foi um dos articuladores da sua recriação em lei municipal nos anos 90, e, na mesma década, capitaneou o atual formato do maior teatro em areia de praia do mundo: atores globais, mil atores da comunidade, temporada de sessões, etc.

Premiado internacionalmente como diretor da Cia Histórias do Baú, Amauri assumiu a Secult na virada do milênio, durante os ‘500 anos do Brasil’ – época em que as ações culturais evidenciaram historicamente a Cidade. Desde que Bili chegou a Prefeitura em 2013, Amauri retornou à pasta. E em entrevista virtual à Revista Relevo, o gestor aborda sobre a atuação de uma das raras secretarias que não mudou o titular durante todo o mandato do prefeito.

Na atual gestão, a Secult conseguiu reabrir as Oficinas Culturais Prof. Oswaldo Névola Filho e manter diversas atividades formativas, seja convênio com OSs, comissionados, professores voluntários ou parcerias com coletivos da cidade. A transferência do prédio foi benéfica? E a partir das experiências, qual seria o melhor modelo de gestão para o local?

a8A adequação do espaço com conforto, acessibilidade, praticidade e segurança foi essencial para a realização das atividades nas Oficinas Culturais durante nossa gestão. O local atraiu centenas de interessados nas atividades formativas, eventos e apresentações artísticas.

Sobre o modelo de gestão, acredito que uma equipe de técnicos da Secretaria da Cultura pode gerenciar as oficinas em parceria com uma OS, que efetuaria as contratações dos professores e atividades e compra de materiais de consumo. Nesse formato, temos agilidade para substituir modalidades, fornecer material para o desenvolvimento das atividades e programar apresentações artisticas.

Já é muito forte a relação da Encenação de São Vicente com o calendário municipal e a Secult. O secretário já iniciou com elas nos anos 80 e, nestes anos, dirigiu-a enquanto musicais. Neste ano, a crise financeira gerou o cancelamento da edição e o IHGSV decidiu criar o seu próprio evento na sede. Como a Secult vê a alternativa dada pelo instituto e como observa a gestão e o rumo das próximas edições?

Toda e qualquer manifestação cultural é importante para o desenvolvimento do cidadão e da cidade. Qualquer grupo ou instituição pode contar teatralmente uma mesma história. Tradicionalmente, a Encenação da Fundação da Vila de São Vicente é o maior espetáculo de teatro realizado em areia de praia do mundo, no local, onde hipoteticamente os fatos históricos aconteceram. O espetáculo do Instituto Histórico teve outro formato e foi realizado em outro local.

De toda a região, a Secult de São Vicente foi a que mais investiu em ações de intercâmbio, seja com as cidades-irmãs Zacatecas (México) e Naha (Japão), seja com atividades com artistas da Espanha, Portugal, Argentina e Paraguai, tendo vivenciado um festival internacional de teatro infantil. Como a secretaria analisa o legado desse intercâmbio para os artistas locais?

a2Acrescento ainda Peru, Equador, Suécia e Nigéria. Essa política gera muitas possibilidades. A possibilidade de troca de saberes, aperfeiçoando o conhecimento de artistas locais e potencializando currículos e projetos futuros. A possibilidade de intercâmbios com apresentações, exposições e formações em outros países, fortalecendo o movimento cultural de São Vicente que ganha notoriedade e repercussão também em terras brasileiras.

A possibilidade de divulgação de nossa cidade através da circulação dos artistas estrangeiros que, ao passarem por São Vicente, divulgam suas realizações na imprensa de seus países de origem, gerando mídia espontânea e fomentando nosso turismo. E a possibilidade de divulgação de nossa cidade através da circulação dos artistas vicentinos em outros países, divulgando nossa arte, nossa história e fomentando a cultura da paz.

a4Nossa gestão proporcionou possibilidades para diversos artistas dos mais variados segmentos, onde alguns deles viajaram para outros países e outros criaram vínculos profissionais e afetivos com artistas que por nossa cidade passaram.

As artes urbanas e a dança foram os segmentos que mais despontaram em projetos de apoio, como o Vias Vivas, Festival de Quadrilhas Juninas, cursos e intercâmbios. Neste ano, a tatuagem ganhou agenda e o artesanato reocupou o Parque Vila de SV. Na avaliação da Secult, o que mudou no panorama dessas quatro áreas nos últimos anos?

a3A grande mudança aconteceu na organização do movimento cultural. Todos tiveram voz e foram ouvidos. Os que se organizaram conseguiram maiores apoios, pois estavam mais envolvidos em busca de resultados e melhorias contínuas em suas áreas de atuação.

Além das novas Oficinas Culturais, a Prefeitura reabriu a Casa da Cultura Afro-Brasileira, mas iniciou ou continuou obras ainda não previstas. Está prevista a entrega neste ano do Cine 3D, Teatro Municipal ou CEU das Artes no Humaitá? Se sim, já há alguma discussão sobre como deve ser o uso desses espaços?

A atual gestão não somente reabriu espaços. Eles foram reestruturados na forma física e no conteúdo. As Oficinas Culturais são o melhor exemplo, e após o restauro do antigo Museu do Escravo, atendendo os anseios da comunidade e entidades envolvidas do seguimento da cultura negra, o local foi rebatizado como Casa da Cultura Afro-Brasileira – Memorial ao Escravizado, que, além da exposição permanente, passou a contar com palestras, encontros, sessões de cinema e eventos relacionados ao tema.

a5Já o Parque Cultural Vila de São Vicente abriu suas portas para o desenvolvimento do artesão local, com espaços para venda e oficinas permanentes, além de reestruturar a Casa da Encenação conforme foi concebida, com exposições de figurinos, fotos, vídeos e adereços do espetáculo.

A reforma no Cine 3D, que estava com sua estrutura totalmente comprometida, teve início com recursos oriundos do DADE, mas não há previsão para o término da obra, da mesma forma que o CEU das Artes no Humaitá. Acredito que a sociedade civil organizada, por meio dos coletivos artísticos e do Conselho Municipal de Políticas Culturais devam participar de discussões para o direcionamento dos novos espaços quando estiverem prontos.

Desde 2013, reportagens citam que São Vicente sofre com vandalismo em patrimônios públicos. Mais recentemente, o Conselho de Defesa do Patrimônio foi à imprensa abordar sobre a Casa Martim Afonso e estátuas na orla. De fato, há uma situação de abandono por parte do Poder Público aos patrimônios históricos?

a3Há uma situação de vandalismo generalizada em todo o Brasil. Cotidianamente recebemos notícias sobre depredação de patrimônios históricos, mobiliário urbano, esculturas, etc, inclusive em nossas cidades vizinhas. O que faltou em São Vicente foram recursos (tanto materiais, quanto humanos) para que as repostas aos atos de vandalismo fossem feitas de forma rápida.

Acredito que um trabalho de educação deva ser realizado nas escolas, tanto públicas quanto privadas, para tentar fazer com que crianças, jovens e adultos compreendam que o que é público é um bem que pertence a todos. Somente assim, através da educação, o problema de vandalismo será resolvido.

A Prefeitura reduziu a verba prevista para a Secult nestes quatro anos em 40%. Ainda assim, do montante estimado na lei em R$ 37 mi, só foram investidos nesse período R$ 14 mi (menos de dois terços). Neste ano, dos R$ 7,8 mi previstos, a Secult só recebeu R$ 1,2 mi (corte de 85%), segundo Portal da Transparência. Até que ponto pode ser atribuído esses índices pela crise financeira, erro de gestão ou a cultura não ser prioridade do prefeito?

O orçamento da pasta de cultura quase nunca é respeitado, municipal, estadual ou de forma federal. É uma das primeiras pastas a sofrer cortes em momentos de crise. Em meu entendimento, o grande problema da falta de recursos para a área da cultura em São Vicente foi decorrente da crise financeira municipal, amplificada pela crise nacional.

Ao reativar o Conselho de Políticas Culturais, a Secult conseguiu articular as leis do Sistema e do Plano Municipal de Cultura, a efetivação do Fundo Pró-Cultura e de legislações sobre o Film Comission e a permissão de bilheteria nos auditórios municipais. Como a secretaria avalia a relação com a sociedade civil e como são oportunas essas leis aprovadas?

a2Desde nossos primeiros meses de gestão, procuramos abrir canais de diálogo entre os fazedores e consumidores de cultura em São Vicente. O desenvolvimento e crescimento do setor está intrinsecamente ligado à organização desses segmentos. Um movimento de cultura onde os objetivos principais sejam coletivos, e não individuais.

Estimulamos o Conselho Municipal de Politicas Culturais a atuar de forma correta, sem a intromissão direta do Poder Público. Em parceria com a equipe da Secult, a cidade ganhou e avançou muito e em pouco tempo na elaboração de leis para o setor cultural. E o mais importante, de forma horizontal.

 

Entrevista: ‘Sim, o Mirada está consolidado’, diz curador em balanço do festival

Por Lincoln Spada

Com 65 mil espectadores, o 4º Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas foi o evento cultural de maior público este ano em Santos e Região. Com edições bienais desde 2010, o evento realizado pelo Sesc São Paulo reúne outros números expressivos durante os seus 11 dias de eventos (8 a 18 de setembro).

Ao todo, mais de cem atividades artísticas, incluindo desde laboratórios criativos e palestras até leituras dramáticas, mobilizando 417 artistas e 68 nomes ligados ao teatro convidados. Com caráter de mostra, o Mirada concentrou 43 espetáculos, geralmente com duplas sessões, sendo 28 peças internacionais, somando 12 países – América Latina, Portugal e Espanha, sendo este o país homenageado da atual edição.

Como nas vezes anteriores, o festival abrangeu outros municípios da Baixada Santista, como Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande e São Vicente. Toda a repercussão desse intercâmbio permitido pelo Sesc através do Mirada é abordado em uma entrevista virtual com Luiz Fernando Silva, membro da curadoria e produção do Mirada.

a6Com a quarta edição, o Mirada completa seu sétimo ano, tendo boa parte da sua bilheteria já reservada antes do festival. Pode-se entender que o evento está de vez consolidado e acolhido pela Baixada Santista?

Sim. É importante considerar que esta consolidação, com um público expressivo da região, soma-se a participação dos artistas que apresentam seus trabalhos e também acompanham outras companhias, técnicos de outras unidades do Sesc e programadores convidados de importantes festivais do Brasil e da rede iberoamericana.

a7A crise econômica nacional reduziu de alguma forma o orçamento, a bilheteria ou o público do festival? Como equilibrar o investimento e a qualidade dos espetáculos?

Na quarta edição do Mirada, mesmo sendo realizada em um cenário econômico delicado, foi possível manter a qualidade da programação e praticamente o mesmo volume de ações de 2014, em razão de parcerias com parte dos grupos internacionais convidados e demais fornecedores.

Este ano, a estreia do Mirada apresentou uma peça espanhola que produziu o choque cultural com parte do público, gerando boicotes e uma multa municipal no uso de animais no palco. Como o Sesc lida com essa questão e até que ponto observa que a sessão possa vir a afastar o público da instituição e dos teatros na região?

A curadoria do festival atua como um radar, trazendo para a programação reflexões sobre temas presentes no debate global – refugiados, consumismo, gênero, feminismo, entre outros temas que estiveram presentes na programação. Faz parte da ação do Sesc ampliar as possibilidades de interação e o contato com expressões e modos diversos de pensar, agir e sentir.

a5Neste sentido, sentimos falta de um debate crítico sobre o conteúdo apresentado, pois não temos a pretensão de agradar a todos, mas sim provocar um debate saudável sobre os caminhos escolhidos pelas artes cênicas contemporâneas. Sobre a utilização de animais no palco, o Sesc estava amparado por orientações de dispositivos estaduais além de garantir todos os cuidados necessários.

Entendemos que o estranhamento faz parte de algumas propostas apresentadas e não deveria chocar e sim trazer para o debate e reflexão os assuntos abordados e o pensamento de quais rumos desejamos seguir na sociedade.

Mais de uma dezena de países foram representados por diferentes companhias no festival. Como que o Sesc se vê como epicentro desta efervescência internacional? Desde o primeiro festival, que frutos percebem ser colhidos a partir desse intercâmbio artístico?

a1O Mirada a cada edição procura ampliar o intercâmbio com diversas instituições vinculadas à ação sociocultural. Entre as edições do festival, o Sesc realiza visitas a festivais e demais instituições por meio da assessoria internacional, que articula a agenda de assistentes do Sesc SP em artes cênicas no mapeamento de grupos e possíveis parcerias.

A escolha do país homenageado acaba sendo uma estratégia, não só para apresentar uma cena pungente com um panorama de grupos em destaque, como também fortalecer vínculos para além do festival. Um exemplo nesta edição é uma coprodução do espetáculo ‘Dínamo’ da Cia Timbre 4 da Argentina, país homenageado na primeira edição.

O festival também funciona como vitrine aos programadores convidados de outros festivais que analisam e circulam com os trabalhos. Em 2012 a Cia Antigua y Barbuda convidada pelo Mirada apresentou seu trabalho em 2013 no Festival Santiago a Mil no Chile em razão deste intercâmbio.

No início, muito se comentou que a criação do Mirada era uma alternativa à futura saída da Bienal Sesc de Dança, que migrou em 2015 para Campinas. É comum essa descentralização de eventos de grande porte pelas unidades do Sesc? E como hoje o Sesc lida com o cenário dos grupos de dança de Santos e região?

a1A decisão de descentralização é resultado de estudos da instituição no mapeamento estratégico de ações no Estado de São Paulo. Entendemos que a Bienal de Dança, um projeto que nasceu na unidade Santos atingiu sua maioridade, tornando-se um projeto do Regional.

O Sesc Santos nos últimos anos, investiu em projetos de formação e pesquisa em Dança Contemporânea com destaques para os projetos: De Improviso, Ocupação 32, Olhar a Dança, Corpo Sub Corpo, Escambo, entre outras ações. O resultado dessas ações foi o protagonismo de parte dos artistas da região envolvidos nos projetos citados em ações dentro e fora do Sesc. E com base nestas experiências acreditamos que seja um caminho interessante para seguir.

Principal evento cultural da Baixada Santista, o Mirada já alcança espaços alternativos em Santos e se espraiou por outras cidades. Mas não houve nesta edição qualquer itinerância nas áreas de maior vulnerabilidade em Santos – morros e Zona Noroeste. A que se deve essa razão e se pretende nas próximas edições voltar a abranger estas regiões?

a3A ocupação de espaços é analisada a cada edição com base em alguns contextos: curadoria, questões técnicas e operacionais. Na impossibilidade de realização nestas áreas, procuramos concentrar as ações em espaços democráticos como a “Orla da Praia” e “Centro” no caso da extensão do Festival.

Confira a programação na íntegra do Santos Comic Expo no próximo dia 8

Por Santos Comic Expo

Além de gincanas e muitos quadrinhos e itens colecionáveis para o público, a Santos Comic Expo apresentará uma série de painéis e exposições para quem quer entender mais sobre a Cultura Pop e se divertir aprendendo sobre suas histórias, personagens e criadores. Toda a programação gratuita será neste sábado (dia 8), no Centro de Cultura Patrícia Galvão (Av. Pinheiro Machado, 48, Santos).

PAINÉIS

>> 11h | Palco externo no térreo | Profissão: Roteirista
Muitos sonham em escrever quadrinhos. Mas quais são as melhores técnicas para desenvolver um roteiro? Existe um modelo pronto para ser seguido? Em um bate-papo mediado pela professora de Literatura Dani Marino os escritores Daniel Esteves (São Paulo dos Mortos), Eric Peleias (Eu, Super) Hector Lima (Mulherhomem) e Marcela Godoy (Papa-Capim – Noite Branca) irão discutir essas e muitas outras questões relacionadas a roteirização de quadrinhos.

>> 12h | MISS | Cinema e TV: mudanças no rumo dos Quadrinhos?
Nos últimos dois anos, o cinema recebeu seu segundo universo compartilhado baseado em Histórias em Quadrinhos, e houve uma enxurrada de séries baseadas nos personagens da sétima arte. Muito já foi discutido sobre adaptações de quadrinhos nas telas; mas como as telas influenciam os Quadrinhos e vice-versa? Para esclarecer essa questão que gera debates acalorados nos fóruns da Internet o guerreiro Cláudio Roberto Basílio comanda a discussão entre o crítico de cinema André Azenha, o também jornalista nerd Vinícius Carlos Vieira, o desenhista Paulo Siqueira e o editor Rogério Saladino.

>> 13h | Palco externo no térreo | Tiras em Quadrinhos – Ontem e Hoje
A “comic strip” – ou tira de quadrinhos em português – é o formato que na primeira metade do Século XX ajudou a popularizar a Nona Arte em todo o mundo. Muitos a consideram “ultrapassada”, porém nos dias de hoje ela ainda mantém o seu espaço em milhares de jornais e encontrou na internet um novo território repleto de possibilidades criativas. Os artistas Fábio Coala (Mentirinhas), Beliza Buzollo (Na Ponta da Língua), Wesley Samp (Depósito do Wes), Victor Caffagi (Valente) irão conversar com o público presente sobre a importância desse formato, com a mediação do professor e cartunista Alexandre Valença Alves “Bar” Barbosa.

>> 14h | MISS | O Fenômeno dos Manuais e Encadernados Disney
Nos anos setenta uma geração inteira de brasileiros se “formou” com a leitura dos Manuais Disney publicados pela Editora Abril. E hoje eles estão novamente nas bancas! O editor Paulo Maffia e o tradutor Marcelo Alencar irão falar sobre eles e sobre todos os recentes e futuros lançamentos de quadrinhos Disney no Brasil, em um bate-papo que contará com a participação especial do quadrinista Eduardo Vetillo, responsável pela criação de inúmeras hq’s de personagens como Urtigão, Peninha e Zé Carioca!

>> 15h | Palco externo térreo | Como financiar sua HQ
Hoje em dia, os Quadrinhos são uma inegável fonte de ideias e um espaço de experimentações em alta. Seja um fã ou um artista, todos tem uma ou mais histórias em quadrinhos para contar. Mas como fazer com que este sonho aconteça “no papel”? As experiências diversas dos artistas Mylle Silva (A Samurai), Marçal (Rei Bocó), Gilmar (Mistifório), Felipe Folgosi (Aurora) e Janaína de Luna (Editora Mino) revelam os meios possíveis para a publicação dos Quadrinhos nos tempos atuais.

>> 16h | MISS | O Caminho do Colecionador!
Colecionar algo é se dedicar a uma paixão. No caso de Histórias em Quadrinhos, essa paixão por guardar aventuras e emoções também traz suas sagas e seus perigos! Conforme sua coleção aumenta, como preservar seus tesouros? O que comprar? Como convencer quem vive com você a dividir a vida com o hobby mais influente da mídia atual? O Guerreiro Fábio Gomes Ribeiro irá trazer as maiores dicas e mais incríveis histórias de Alexandre Callari (Apocalipse Zumbi), Kendi Sakamoto, Henrique Esmeraldo, e Edson Diogo (Guia dos Quadrinhos). Aqui a força está nos números, literalmente!

>> 18h | MISS | Um bate papo com Victor Caffagi Local
Um menino e sua irmã, um dia sonharam em contar histórias. Após a valentia de publicar suas tiras sobre os amores fugazes e confusos (e divertidos) da adolescência, são descobertos pelo maior estúdio de Quadrinhos do Brasil e produzem duas lindíssimas Graphic Novels sobre a Turma de crianças mais amada do país. A Santos Comic Expo traz Victor Caffagi para um bate-papo sobre os laços e as lições que a nona arte podem trazer na vida de leitores e artistas.

WORKSHOPS

>> 14h | Hemeroteca | Workshop Infantil com personagens do mangá J-Fox
Os professores Leandro Altafim e Doug Santana do Mangarts Comic Studio irão ministrar um workshop dedicado ao público infantil, onde através do uso do mangá autoral J-Fox serão repassadas para as crianças participantes os fundamentos das histórias em quadrinhos. Simplesmente imperdível para os pequenos que um dia desejam se tornar quadrinistas!

>> 16h | Hemeroteca | Workshop de Mangá Local
O Instituto HQ é uma renomada escola de quadrinhos reconhecida no mundo inteiro pela excelência dos profissionais que forma. Fazendo uso desta excelência o Instituto HQ trará para a Santos Comic Expo um workshop focado no mangá, o estilo de quadrinhos de maior sucesso entre a garotada nos dias de hoje. Nele, os alunos conhecerão a linguagem do mangá, aprenderão sobre o estilo de desenho e as técnicas para criação de personagens e HQs no estilo japonês.

CONCURSO DE COSPLAYERS

>> 17h | Palco Externo Térreo | Durante todo o transcorrer da Santos Comic Expo 2015 a nossa Equipe Cosplayer liderada por Pablo Novaera comandará no intervalo dos painéis gincanas e brincadeiras com o público no Palco Externo do Centro de Cultura Patrícia Galvão.

 

Entrevista: Débora Camilo (PSOL) aborda sobre políticas culturais de Santos

deboraDurante o FESTA 58 – Festival Santista de Teatro com o tema ‘Qual a Democracia que queremos?’, o Movimento Teatral da Baixada Santista em acordo com as campanhas dos prefeituráveis de Santos no último dia 31 encaminhou um questionário virtual sobre as políticas culturais planejadas pelos candidatos para a cidade.

Débora Alves Camilo (PSOL/50) tem 36 anos e é advogada, militante em causas e movimentos sociais (direitos de moradia, das mulheres, da população negra, da diversidade sexual, entre outros). É coordenadora de cultura e cidadania da Educafro/Valongo e participa da Comissão da Verdade da Escravidação do Brasil da OAB/Santos.

Questionário

> Como o seu governo prevê dotação para criação da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de Santos?

Apesar de Santos se gabar por utilizar 1,65% do seu orçamento na área de cultura (o que a coloca acima de outros municípios da região) sabemos que isso é insuficiente. Para além disso, sabemos que parte dos recursos da Secult são dados a eventos que não são essencialmente ligados ao setor cultural.

Nossa ideia então é utilizar os recursos da Secult exclusivamente para a área de cultura e aumentar os investimentos nessa área a partir de uma série de auditorias que nos propomos a fazer nas contas públicas. Apenas para citar um exemplo, no município de São Paulo uma série de empresas possui uma enorme dívida ativa com as contas do município, e apesar da Prefeitura ter pouca transparência nessa área, temos a certeza de que muitas também devem à prefeitura de Santos.

Para além disso, podemos também aumentar a dotação na área da Cultura transferindo sedes administrativas do município que se encontram em locais alugados para terrenos (ou construções) que já são posse da Prefeitura, o que mais uma vez aumentaria os recursos em caixa que poderiam ser utilizados para, por exemplo, a Lei de Fomento ao Teatro.

> Como o seu governo prevê a preservação e adequação dos teatros municipais e a reabertura via edital de ocupação artística do Rosinha Mastrângelo?

Um dos eixos de nosso programa de governo é contar com a participação da sociedade santista na administração pública, o que ocorreria também (obviamente) na área da Cultura. Entre outras coisas, nos propomos a estimular o conceito de curadoria coletiva junto de fazedores de arte local para a realização de programação cultural da Cidade em todos os seus equipamentos, de maneira que não se tornem abandonados e ociosos, sendo utilizados de maneira muito mais frequente do que são hoje em dia pela classe artística da cidade.

Assim, nos propomos a criar ocupações artísticas em forma de edital para realização de pesquisa, produção e programação no Teatro Rosinha Mastrângelo, por exemplo, com galerias artísticas, e nos auditórios dos centros culturais distribuídos pela cidade, assim como nos teatros municipais.

> Como o seu governo observa a relação via OSs para as oficinas dos futuros centros culturais da Cidade?

Nós do PSOL temos uma postura bastante crítica em relação a atuação das OSs nas diversas áreas das políticas públicas, sobretudo pela falta de fiscalização da prefeitura na organização contratada, assim como uma falta de rigor na seleção daquelas que disputam os editais (a área de saúde é um exemplo disso, com contratações de OSs que já possuíam um histórico de processos em outras cidades do Estado).

Em se tratando das OSs que irão gerir as oficinas dos centros culturais da cidade, acreditamos que caberá a nós, enquanto administradores do poder público, garantir de transparência e o devido foco sociocultural na contratação via OS dessas oficinas culturais, garantindo se estão cumprindo aquilo que foi acordado no contrato e o rompendo caso se note que seu foco e atuação foram desviados.

> Como o seu governo prevê o respaldo para realização de manifestações culturais e artes de rua em praças, parques e ruas da Cidade?

O PSOL dará total respaldo a toda e qualquer manifestação artística a ser realizada nos espaços públicos da cidade. Inclusive temos em nosso eixo de cultura do nosso plano de governo o seguinte compromisso: “Ocupação de espaços públicos ociosos (ou pouco utilizados, tal como a Concha Acústica do canal 3, expandindo sua utilização até as 22 horas) para que artistas independentes, grupos, companhias, coletivos, entre outros possam realizar ensaios de espetáculos de dança em fase de criação, montagem ou apresentação.”

> Como o seu governo irá aprovar e cumprir o Plano Municipal de Cultura?

A regulamentação e a aprovação do Plano não se darão de maneira exclusiva pelo PSOL. Ela será instrumento de luta de toda classe artística da cidade, com o total apoio do PSOL, independentemente da composição que houver na Câmara de Vereadores do Município. Da mesma forma, o seu cumprimento se dará pela participação da classe artística na própria Secretaria de Cultura, que nas últimas administrações tem sido gerido de maneira eleitoral, com alianças partidárias e com representantes escolhidos de cima para baixo.

> Quais ações previstas em seu plano de governo interagem com as demandas publicadas da Conferência Municipal de Cultura de 2015?

Uma serie de propostas do nosso plano de governo estão em consonância com o Plano Municipal de Cultura elaborado na Conferência Municipal de Cultura de Santos. O aumento do orçamento aplicado na secretaria já foi aqui descrito anteriormente como será feito. Para além disso, a valorização da cultura produzida em Santos também foi tratada aqui algumas questões atrás, quando nos comprometemos a ocupar os espaços públicos da cidade que estão ociosos com produção cultural feita aqui no município.

Nosso plano também contempla uma série de propostas ligadas ao Plano, como: a contratação de artistas enquanto arte-educadores e corpos estáveis via notório saber, em detrimento da lei emergencial; estimular como contrapartida de festivais subsidiados pela Prefeitura a realização de uma ação formativa e/ou apresentação artística nas regiões dos Morros, Zona Noroeste e Área Continental, como também de realização de rodas de partilha do segmento em sua programação; fomentar com ações permanentes a comunicação alternativa, comunitária, mídia livre e educomunicação como espaços de fluir o saber cultural; entre outras coisas.

> Como o seu governo pretende implantar o Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais?

Embora o atual governo de Santos tenha se comprometido em 2013 a realizar no prazo de dois anos a regulamentação do Sistema Municipal de Cultura e o plano decenal das políticas culturais, agregando Secult, fundo municipal, conferências, conselhos de cultura e Condepasa, programa de formação e outros sistemas, ambas as leis não foram respeitadas no seu devido prazo. O projeto de lei do Sistema de Cultura está ainda na Câmara e o Plano de Cultura anda sendo desenvolvido com atraso em suas etapas de elaboração e sistematização de metas.

Nós do PSOL nos comprometemos a criar o Sistema Municipal de Indicadores e Informações Culturais (SMIIC), em código aberto e plataforma virtual com transparência e participação efetiva da sociedade civil para acompanhamento das políticas do setor. Por meio deles poderemos ter um amplo mapeamento das produções culturais feitas em Santos e sua implantação poderá se dar em conjunto com os grupos culturais apontados pelo levantamento.

> Como o seu governo prevê dotação orçamentária, aumento e segmentação de editais do Facult para linguagens artísticas?

Nós do PSOL nos propomos a disponibilizar uma plataforma virtual de inscrição para editais do Facult e de divulgação de projetos contemplados, além de todos os futuros editais. Por meio dela, criaremos uma série de editoriais em diferentes áreas, que serão contemplados com uma maior orçamento do que tem sido feito até agora com recursos provenientes do que apontamos na primeira reposta:

Criar um edital de circulação de produções e práticas culturais em espaços comunitários e bairros em situação de vulnerabilidade social; criar um edital de intercâmbio para fazedores de arte local terem acesso à transporte e realizarem pesquisas e produções junto de demais fazedores de arte do Brasil; criar ocupação artística em forma de edital para realização de pesquisa, produção e programação no Teatro Rosinha Mastrângelo, galerias artísticas e nos auditórios dos centros culturais distribuídos pela cidade, tal como dito em respostas anteriores.

> Como o seu governo observa a gestão compartilhada do futuro CEU das Artes na Praça da Paz Universal?

Nossa administração do PSOL garantirá a gestão compartilhada com as lideranças do bairro no qual o CEU será implantado, conforme pacto com o Governo Federal. Como dito anteriormente, um dos nossos três eixos principais do programa de governo do PSOL (dos quais temos ainda a transparência na gestão pública e a inversão das prioridades no orçamento municipal) será a participação dos munícipes nas decisões que cabem às diferentes áreas das políticas públicos, um compromisso do qual não abrimos mão.

> Como o seu governo prevê dotação orçamentária gradativa para os festivais tradicionais da Cidade, como o FESTA 58, o Curta Santos, a Tarrafa Literária, o Santos Jazz Festival, entre outros?

Nós do PSOL nos comprometemos a expandir os festivais culturais que já ocorrem na cidade, como o Rio-Santos Jazz Fest, o Rio-Santos Bossa Fest, o Santos Jazz Festival e a Virada Cultural incluindo um mínimo de 25% de apresentações de grupos da região. O aumento da dotação para esses festivais se dará por meio das auditorias que nos propomos a fazer nos contratos firmados com a Prefeitura em outras áreas, como temos dito aqui em outras respostas (só para citar um exemplo rápido, a construção do VLT tem fortes indícios de superfaturamento, assim como a reconstrução sucessiva das muretas da ponta da praia), o que nos indica que pode haver mais recursos em caixa a serem utilizados na área da cultura.

> Como o seu governo prevê avanços nos programas de iniciação e qualificação artística da Cidade, como escolas de dança, bailado, teatro e Fábrica Cultural?

Várias de nossas propostas do nosso plano de governo do PSOL para Santos vão ao encontro da questão feita. Entre nossas propostas, nos comprometemos a: criar um edital de intercâmbio para fazedores de arte local terem acesso à transporte e realizarem pesquisas e produções junto de demais fazedores de arte do Brasil; incluir nos programas e editais de políticas culturais as ações afirmativas de igualdade de gênero, racial e de diversidade sexual (de acordo com nossas propostas contempladas no eixo de políticas LGBTs do nosso plano de governo); estimular o conceito de curadoria coletiva junto de fazedores de arte local para a realização de programação cultural da Cidade; promover um programa de intercâmbio de professores e alunos da Escola de Artes Cênicas Wilson Geraldo com outras escolas de artes cênicas; realizar oficinas literárias voltadas à formação profissional, tendo como objetivo o aprimoramento das técnicas e o conhecimento dos escritores, o agenciamento literário e o aprendizado na elaboração de roteiros de cinema, televisão e teatro; entre outras coisas.

> Como o seu governo prevê qualificação permanente dos gestores, comissionados e servidores da Secult?

Em primeiro lugar, nós do PSOL iremos reduzir o número de servidores públicos contratados via lei emergencial e nomear o secretário e os demais cargos comissionados preferencialmente para artistas e produtores culturais de notório saber em detrimento de alianças partidárias ou eleitorais, sendo escolhidos pela própria classe artística da cidade.

Isso já de partida já colocaria gestores muito mais qualificados para a área da cultura do que apenas nomeados politicamente. Em seguida, promoveremos um maior diálogo entre os servidores da Secult e toda a classe artística da cidade, para que a Secretaria não se encontre em uma “bolha”, completamente descolada das demandas da classe artística e sem o conhecimento necessário para gerir uma pasta que para nós será de extrema importância.

Políticas culturais da campanha

Apesar da rica cultura de nosso país e de nossa cidade, essa área das políticas públicas tem sido constantemente desprestigiada pelas últimas administrações municipais por não ser considerada como “estratégica e prioritária”. Em Santos, o orçamento da Secretaria de Cultura para o ano de 2016 foi de R$ 33.782.000,00 (o que representa 1,65% do total da administração direta)50 para gerir uma das pastas com maior rede de equipamentos públicos construídos e também em obras, como centros culturais nos morros, Centro e Zona Noroeste. Em tempos de crise econômica (tal como a atual), a tendência é que os governos invistam ainda menos na cultura51 e, apesar da atual administração alegar que não houve cortes e nenhum serviço ou evento do calendário oficial da Cidade deixou de ser realizado, o Decreto 7447 (publicado no Diário Oficial do dia 21 de maio último52) suspende todas as despesas com eventos culturais para o ano de 2016 que não estivessem já incluídos na programação oficial do Município.

Em nossa cidade, a administração da Secretaria de Cultura (Secult) atualmente faz parte de uma aliança meramente eleitoral e não em prol da Cultura, sendo gerida de acordo com as coligações feitas durante as eleições e nomeada de cima para baixo. Há pouca autonomia do secretário no organograma, orçamento e nos investimentos da pasta. As nomeações políticas também são utilizadas nos demais cargos de gestão da Secult, em detrimento de valorizar fazedores de arte e pessoas de notório saber dessa área temática de nossa região.

Na atual administração, a Concha Acústica foi reaberta (restringindo e muito o tipo de performance artística permitida naquele espaço53) e foram reformadas parte das bibliotecas e cinemas públicos. No entanto, ainda não foi reinaugurado o Teatro Rosinha Mastrângelo, importante espaço de experimentação cênica – embora conste como promessa de governo e no orçamento municipal – assim como parte dos espaços que ainda se encontram sem o AVCB, como é o caso do Teatro Guarany.

Os teatros Guarany e Coliseu também não são utilizados em sua totalidade e quase 400 lugares que poderiam ser acessados pela comunidade não são utilizados por falta de readequação e consenso do Conselho de Defesa do Patrimônio (Condepasa), gerando ônus para a população.

Ao mesmo tempo, parte dos recursos da Secult são dados a eventos que não são essencialmente ligados ao setor cultural e os valores dados a festivais tradicionais de iniciativas independentes pouco têm reajuste. O único edital de fomento às produções locais foi interrompido em dois dos últimos quatro anos e a maioria dos eventos financiados pela Secretaria tratam de eventos voltados ao turista, como a programação de verão nas praias da Cidade.

Vale ressaltar que embora o atual governo tenha se comprometido em 2013 a realizar no prazo de dois anos a regulamentação do Sistema Municipal de Cultura e o plano decenal das políticas culturais, agregando Secult, fundo municipal, conferências, conselhos de cultura e Condepasa, programa de formação e outros sistemas, ambas as leis não foram respeitadas no seu devido prazo. O projeto de lei do Sistema de Cultura está ainda na Câmara e o Plano de Cultura anda sendo desenvolvido com atraso em suas etapas de elaboração e sistematização de metas.

De uma perspectiva mais ampla, a situação da Cultura não é melhor nas outras esferas de poder. Como se sabe, no plano federal, o Ministério da Cultura foi extinto por uma semana e só retomado após muita pressão da classe artística. E mesmo retomado, encontra-se imobilizado, com pouco diálogo com artistas e com reduzido investimento às expressões culturais e patrimônios materiais e imateriais do país. No governo estadual, a gestão que se mantém com o mesmo partido há 20 anos no poder não conseguiu aprovar o Plano Estadual da Cultura, e boa parte de seus programas já são geridos via terceiro setor, com orçamentos cada vez mais escassos. Além disso, gradativamente são reduzidos os editais e quantidade de artistas contemplados pelo governo, o que também interfere na pesquisa e circulação de obras autorais em Santos e no estado de São Paulo.

Dado esse diagnóstico, o PSOL acredita que maior atenção deve ser dada à essa área das políticas públicas, tão negligenciada pelas últimas administrações, e a Cultura deve ser tratada como um direito de todos os cidadãos, independentemente da área em que residam no município. A cultura precisa ser compreendida em sua tridimensionalidade por qualquer gestor público: enquanto fator de cidadania (transversalidade com outras áreas), simbólico (contextos e manifestações artísticas em si) e econômico (como setor produtivo financeiro na sociedade) e não podemos negligenciar o rico passado que Santos possui na área cultural, com um histórico diretamente ligado ao campo da esquerda e de seus militantes e simpatizantes54 .

As ações voltadas à área da Cultura devem ser descentralizadas pelas diversas regiões da cidade e focadas principalmente nas que carecem de equipamentos públicos culturais. Ademais, uma série de mudanças administrativas poderiam ser feitas, estimulando a participação da classe artística e da população como um todo nos eventos culturais da cidade. Par terminar o diagnóstico, reiteramos a rejeição a qualquer tipo de OS, na área da cultura portanto, mantemos a posição.

Nesse sentido, apresentaremos propostas nas áreas administrativa, de financiamento, e de cada segmento cultural.

Propostas administrativas

  • Transferência da sede da Secretaria da Cultura, potencializando a vocação artística do Centro Cultural Patrícia Galvão
  • Readequação imediata do Teatro Rosinha Mastrângelo e Teatro Guarany conforme Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros
  • Regulamentação e aprovação da lei do Sistema e do Plano Municipal de Cultura
  • Auditoria dos contratos de OS na área da cultura visando interrompe-los
  • Uma vez que não seja possível a quebra de contrato, buscamos a garantia de transparência e devido foco sociocultural na contratação via OS para oficinas culturais dos centros do Morro da Penha, Vila Nova e Vila Progresso
  • Inauguração do Centro Cultural da Praça da Paz Universal e garantia de gestão compartilhada com as lideranças do bairro, conforme pacto com o Governo Federal
  • Redução de servidores públicos contratados via lei emergencial (Lei 650/90)
  • Nomeação de secretário e cargos comissionados preferencialmente para artistas e produtores culturais de notório saber em detrimento de alianças partidárias ou eleitorais, sendo escolhidos pela própria classe artística da cidade
  • Contratação de artistas enquanto arte-educadores e corpos estáveis via notório saber, em detrimento da lei emergencial
  • Capacitação dos agentes públicos em cursos e seminários de gestão cultural, atendimento à população com deficiência (cursos de Libras) e outros públicos específicos
  • Criação do Sistema Municipal de Indicadores e Informações Culturais (SMIIC), em código aberto e plataforma virtual com transparência e participação efetiva da sociedade civil para acompanhamento das políticas do setor
  • Reformulação da lei e regimento do Conselho de Cultura de Santos, garantindo maior representatividade da sociedade civil na composição do órgão e de sua respectiva pauta

Propostas de financiamento à cultura

  • Assegurar o aumento gradual do orçamento público da Prefeitura Municipal de Santos para a Secretaria da Cultura, para o edital do Fundo de Assistência à Cultura (Facult) e para os festivais e eventos de produtores culturais independentes tradicionais do município
  • Criar edital de circulação de produções e práticas culturais em espaços comunitários e bairros em situação de vulnerabilidade social
  • Criar edital de intercâmbio para fazedores de arte local terem acesso à transporte e realizarem pesquisas e produções junto de demais fazedores de arte do Brasil
  • Criar ocupação artística em forma de edital para realização de pesquisa, produção e programação no Teatro Rosinha Mastrângelo, galerias artísticas e nos auditórios dos centros culturais distribuídos pela cidade
  • Subsidiar com recursos públicos o Fundo de Assistência à Cultura, realizando editais segmentados para as áreas de literatura, preservação, música, artes visuais e plásticas
  • Criar editais específicos de fomento para pesquisa em teatro e dança, e para produção e itinerância no segmento audiovisual
  • Incluir nos programas e editais de políticas culturais as ações afirmativas de igualdade de gênero, racial e de diversidade sexual
  • Estimular o conceito de curadoria coletiva junto de fazedores de arte local para a realização de programação cultural da Cidade
  • Disponibilizar uma plataforma virtual de inscrição para o edital do Facult e de divulgação de projetos contemplados, além de futuros editais

Propostas para os segmentos artísticos

  • Ocupação de espaços públicos ociosos (ou pouco utilizados, tal como a Concha Acústica do canal 3, expandindo sua utilização até as 22:00hs) para que artistas independentes, grupos, companhias, coletivos, entre outros possam realizar ensaios de espetáculos de dança em fase de criação, montagem ou apresentação
  • Tornar a festa junina do morro do Nova Cintra uma festa municipal, tornando responsabilidade da prefeitura a organização e segurança para o acontecimento do evento
  • Criar uma incubadora criativa, desenvolvendo oficinas e assessoria para os artistas e produtores na elaboração de projetos culturais, integrando setores dos centros culturais e das vilas criativas
  • Estimular como contrapartida de festivais subsidiados pela Prefeitura a realização de uma ação formativa e/ou apresentação artística nas regiões dos Morros, Zona Noroeste e Área Continental, como também de realização de rodas de partilha do segmento em sua programação
  • Fomentar com ações permanentes a comunicação alternativa, comunitária, mídia livre e educomunicação como espaços de fluir o saber cultural
  • Fomento e apoio a fóruns temáticos integrando artistas, acadêmicos e demais áreas
  • Ampliação das ferramentas de comunicação para maior transparência e participação social nas políticas culturais, investimentos, cursos e programação local
  • Maior participação dos grupos artísticos locais nos espaços públicos municipais, como o Teatro Guarany, o Coliseu, e a Concha Acústica
  • Promover um programa de intercâmbio de professores e alunos da Escola de Artes Cênicas Wilson Geraldo com outras escolas de artes cênicas
  • Expandir os festivais culturais que já ocorrem na cidade, como o Rio-Santos Jazz Fest, o Rio-Santos Bossa Fest, o Santos Jazz Festival e a Virada Cultural incluindo um mínimo de 25% de apresentações de grupos da região
  • Elaborar a Lei Municipal que destina um espaço público para montagem de Lona Circense, visando apoiar e baratear a vinda de circos para Santos
  • Realizar oficinas literárias voltadas à formação profissional, tendo como objetivo o aprimoramento das técnicas e o conhecimento dos escritores, o agenciamento literário e o aprendizado na elaboração de roteiros de cinema, televisão e teatro
  • Criar ou apoiar as classes artísticas locais a organizarem festivais de literatura, dança, artes visuais e cultura digital
  • Descentralizar as feiras de artesanato da Cidade para outras regiões além das praias de Santos
  • Criar programas integrados de artes com a Secretaria da Cultura, da Saúde, da Assistência Social e da Defesa da Cidadania
  • Viabilizar a continuidade e reestruturação de projetos, como Oficina Escola de Restauro e Educação Patrimonial
  • Instalação da Biblioteca Central (hoje na Sociedade Humanitária) em imóvel apropriado e de fácil acesso, incluindo-se a acessibilidade a todos os tipos de deficiências, notadamente a visual
  • Abrir vagas de estágio remunerado no Santos Film Comission com processo de seleção aberto a estudantes, e de maneira não restrita tal como ele é atualmente
  • Possibilitar licença de comércio para agremiações de carnaval da Cidade, com contrapartida social em festas e eventos de cultura carnavalesca, tendo como exemplo a Festa Inverno e incentivando a auto sustentabilidade das entidades
  • Estimular eventos literários no formato de festivais locais nos espaços históricos e turísticos da Cidade, tal como a Festa Literária Internacional de Paraty – FLIP
  • Implementar um centro de formação e serviço educativo na Galeria de Artes Braz Cubas, visando a mediação da arte, incentivo, produção e capacitação de artistas, para o desenvolvimento de projetos de linhas de pesquisa, preservação de acervo e formação de público
  • Sistematizar e integrar em rede virtual o acervo musical, audiovisual (Museu da Imagem e do Som de Santos) e literário (hemeroteca, gibiteca e bibliotecas) dos equipamentos públicos municipais
  • Digitalizar o acervo da Hemeroteca Roldão Mendes Rosa
  • Restaurar e catalogar todo o acervo de artes plásticas (quadros e esculturas) patrimoniado da Secretaria Municipal da Cultura
  • Relançar e difundir gratuitamente livros de autores santistas já em domínio público

*Lincoln Spada

Entrevista: Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) aborda sobre políticas culturais de Santos

pauloalexandreDurante o FESTA 58 – Festival Santista de Teatro com o tema ‘Qual a Democracia que queremos?’, o Movimento Teatral da Baixada Santista em acordo com as campanhas dos prefeituráveis de Santos no último dia 31 encaminhou um questionário virtual sobre as políticas culturais planejadas pelos candidatos para a cidade.

Paulo Alexandre Pereira Barbosa (PSDB/45) tem 37 anos e começou na política aos 22, quando ocupou alguns cargos no Governo Estadual. Ele já foi secretário-adjunto de Educação do Estado e secretário de Desenvolvimento Social do Estado. Foi eleito deputado estadual duas vezes e, desde 2012, é prefeito de Santos.

Questionário

> Como o seu governo prevê dotação para criação da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de Santos?

As leis de fomento e a segmentação dos editais de apoio à cultura são políticas públicas prioritárias para o fortalecimento dos movimentos artísticos e para ampliar o acesso da população à arte. As leis de fomento para o teatro e demais segmentos artísticos, bem como, para atividades culturais na periferia não estão descartadas. Neste momento, a consolidação do Plano Municipal de Cultura exige a criação de um Fundo Municipal de Cultura específico, com possibilidade de aportes diferentes do Facult para atender todas as áreas da cultura.

Também está em análise a criação de um programa semelhante ao Destinação Criança, que pode ser uma alternativa interessante a ser debatida com a classe artística. Nesse caso, o poder público criaria incentivos fiscais para empresas que desejam investir na cultura da cidade, mas sem que elas possam decidir em qual projeto específico esse recurso será investido. A dedução de impostos seria direcionada para o Fundo Municipal e, como já acontece nos concursos do Facult, o Conselho Municipal de Cultura seria o órgão responsável pela avaliação e seleção dos projetos que mereceriam receber o financiamento público.

> Como o seu governo prevê a preservação e adequação dos teatros municipais e a reabertura via edital de ocupação artística do Rosinha Mastrângelo?

Daremos continuidade ao processo de recuperação e preservação dos teatros e dos demais equipamentos culturais da Prefeitura, por meio do PROCultura. O programa viabilizou reformas no Teatro Municipal, Gibiteca, Cine Arte Posto 4 e do Museu da Imagem do Som de Santos – MISS. Até 2012, nenhum deles funcionava em conformidade com o AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros e, atualmente, todos os espaços atendem as normas exigidas para a segurança dos seus usuários.

Houve também um fortalecimento das equipes técnicas e de manutenção preventiva para monitoramento diário dos prédios. Para a próxima gestão, a prioridade será a recuperação e reabertura do Teatro Rosinha, que já tem projeto de reforma definido e está incluído no plano de obras. A ocupação do teatro será discutida democraticamente com a classe artística para contemplar todos os segmentos da cultura.

> Como o seu governo observa a relação via OSs para as oficinas dos futuros centros culturais da Cidade?

Diante da necessidade do equilíbrio fiscal do município, a administração fica limitada para contratar profissionais, servidores e/ou autônomos, para ampliar a oferta de cursos e oficinas culturais. A parceria com as Organizações Sociais é uma alternativa viável para solucionar esse engessamento administrativo. Nos termos das leis municipais 2947/2013 e 3078/2014, os contratos de gestão celebrados com organizações sociais serão permanentemente acompanhados e fiscalizados pela Secretaria de Cultura.

Também ficarão sob avaliação e monitoramento da Comissão de Acompanhamento e Fiscalização, composta por corpo técnico especializado. Além disso, os contratos de gestão, como todo ato administrativo, recebem a fiscalização dos Conselhos Municipais, Câmara Vereadores, Tribunal de Contas, e Ministério Público e de qualquer cidadão por meio do Portal da Transparência, que disponibilizará semestralmente a prestação de contas de suas atividades.

Temos bons exemplos de sucesso, na área de formação, em projetos no Estado e em outros municípios. E, por meio da parceria, será possível contratar formalmente novos profissionais, respeitando a mão-de-obra qualificada local, e desenvolver novas oficinas de formação, sobretudo nas periferias e áreas de grande vulnerabilidade social, onde estão sendo construídos os três novos centros culturais. Para identificar as atividades nos futuros centros culturais, que receberão o nome de Vilas Criativas, foram feitas audiências públicas com as comunidades locais.

Está em fase final de conclusão um relatório que apresentará um diagnóstico de demandas e sonhos dos moradores desses territórios, mas já estão previstas a abertura de novas oficinas de cinema na Vila Progresso, de fotografia no morro da Penha e um curso de DJ na Vila Nova.

> Como o seu governo prevê o respaldo para realização de manifestações culturais e artes de rua em praças, parques e ruas da Cidade?

O apoio e o incentivo desta administração para manifestações culturais e artes de rua são irrestritos. Sabemos que existem fatos isolados ocorridos recentemente envolvendo a Guarda Municipal e alguns artistas. Prioritariamente, vamos criar uma lei municipal que regulamente o ofício do artista de rua, que garanta sua atividade (a exemplo do que foi feito com o grafite), adequando o Código de Posturas.

Um diálogo com os artistas, também é necessário para que sejam definidas, com clareza, as restrições ao uso de equipamentos de grande amplificação sonora, a obstrução de vias e passeios públicos e o uso de materiais que coloquem em risco outros munícipes. Vale ressaltar, que a maioria das abordagens da Guarda Municipal ocorre por reclamações que chegam por parte de outros cidadãos. Com uma política de incentivo definida em conjunto com os artistas, podemos, inclusive, incentivar o uso de praças e ruas em regiões que já tem naturalmente uma vocação cultural e turística, como é o caso do Centro Histórico, da Lagoa da Saudade, no morro da Nova Cintra e do Jardim Botânico, na Zona Noroeste.

> Como o seu governo irá aprovar e cumprir o Plano Municipal de Cultura?

A aprovação do Plano Municipal de Cultura já se encontra em tramitação. A primeira etapa, que é a aprovação da Lei do Sistema de Cultura, já foi feita pela Câmara Municipal. A próxima fase será o envio do projeto de lei do PMC para aprovação no Legislativo. Os resultados alcançados durante todo o processo de construção do PMC, com grande engajamento de artistas de diferentes segmentos em vários bairros e apoio técnico da Secretaria de Cultura, demonstram que a administração está atenta as políticas públicas do setor e respeita, democraticamente, os anseios de quem trabalha pela cultura em nossa cidade. A postura do governo não será diferente no momento de execução das políticas presentes no plano. Vamos manter o sistema de trabalho por meio de uma comissão, que será responsável por avaliar e monitorar, semestralmente, o cumprimento de todas as suas demandas.

> Quais ações previstas em seu plano de governo interagem com as demandas publicadas da Conferência Municipal de Cultura de 2015?

As demandas aprovadas na Conferência de Cultura de 2015 foram usadas como base na construção do Plano Municipal de Cultura e, certamente, estão sendo respeitadas na elaboração do nosso plano de governo. Dentre as Metas do Plano Plurianual 2014/2017, podemos destacar algumas ações que convergem com as Metas do PMC como, por exemplo, a profissionalização de produtores culturais em todos os segmentos e setores, o aumento da oferta de cursos e oficinas, a adequação do Facult para ampliação de fontes e fomento, além da transversalidade de atividades culturais com outros setores públicos.

Também estão presentes no plano a criação de uma plataforma para a gestão de mapeamento e diagnóstico da cultura no município e o fortalecimento da comunicação e do marketing das ações culturais realizadas no município. Além disso, vamos criar uma Incubadora Cultural com o objetivo de estimular o empreendedorismo nessa área.

> Como o seu governo pretende implantar o Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais?

Minha gestão se baseará no sistema de dados da nossa própria Prefeitura, por meio do portal da Transparência, o Cidade Aberta e o das Cidades Sustentáveis, onde já conseguimos identificar desde o quadro de funcionários de cada secretaria até a prestação de contas do orçamento municipal. Em paralelo, vamos criar uma plataforma específica para registro do mapeamento cultural do município, com informações das mais diversas (artistas, equipamentos, cadeias de valores e criativas etc).

Nesse sistema também serão incluídos dados periódicos sobre os alunos dos programas de formação da Secult, a agenda atualizada de atividades artísticas, a relação de patrimônios tombados e equipamentos culturais, e até o status de arrecadação permanente do Facult e do Fundo Municipal de Cultura.

> Como o seu governo prevê dotação orçamentária, aumento e segmentação de editais do Facult para linguagens artísticas?

A dotação orçamentária é definida a partir da necessidade de custeio operacional (servidores, eventos, corpos estáveis, formação artística e cultural, manutenção de próprios e atividades socioculturais). A correção do valor do Facult, já realizada, demonstra o compromisso do governo com os projetos independentes, tendo em vista os 166 inscritos no 5° Facult.

Vamos ainda, buscar mecanismos para aumentar o aporte de recursos do Facult para os editais. E, em comum acordo com os artistas, vamos definir o melhor formato de segmentação, incluindo também o incentivo para produções e ações nas periferias e regiões de maior vulnerabilidade social.

> Como o seu governo observa a gestão compartilhada do futuro CEU das Artes na Praça da Paz Universal?

Uma ótima oportunidade para envolver os artistas e a comunidade em um modelo pouco disseminado no Brasil. Santos, pela sua história e nível de organização social, pode protagonizar um novo formato de gestão pública que envolva realizadores de arte e cultura e lideranças comunitárias na ativação cultural desejada nas várias instâncias de poder.

> Como o seu governo prevê dotação orçamentária gradativa para os festivais tradicionais da Cidade, como o FESTA 58, o Curta Santos, a Tarrafa Literária, o Santos Jazz Festival, entre outros?

Além destas tradicionais ações culturais, muitas outras atividades artísticas precisam ser efetivadas. Acreditamos que um novo ciclo se iniciará com efetivação do PMC e a adequação do Facult, para abrir novas frentes de financiamento e parcerias com o objetivo de atender o calendário cultural da cidade com mais recursos.

> Como o seu governo prevê avanços nos programas de iniciação e qualificação artística da Cidade, como escolas de dança, bailado, teatro e Fábrica Cultural?

Tivemos uma atenção especial na área de formação artística. Todos os anos, são abertas mais de 3 mil novas vagas para a população em 28 cursos e oficinas culturais. Durante a atual gestão, o número de atendidos aumentou 230%. Em 2013, eram 1646, e hoje são 3715 matriculas nos cursos e oficinas do programa Fábrica Cultural; nos três portos de cultura descentralizados na Zona Noroeste, nos Morros e na Área Continental; na Escola de Artes Cênicas Wilson Geraldo; na Escola de Bailado Municipal e na Escola Livre de Dança.

Em atenção a demandas oriundas do programa Viva o Bairro, serão entregues até o final do ano três novas Vilas Criativas no Morro da Penha, na Vila Nova e na Vila Progresso. Todos os espaços, que estão localizados em áreas de grande vulnerabilidade social, terão novas salas preparadas para receber atividades de formação e certamente serão polos irradiadores da iniciação e do fazer artístico.

Um dos desafios para os próximos quatro anos será a criação de um programa de audições nas escolas municipais, com o intuito de descobrir aptidões que podem ser desenvolvidas a partir das atividades de formação em uma de nossas políticas públicas.

> Como o seu governo prevê qualificação permanente dos gestores, comissionados e servidores da Secult?

Incentivamos a participação de servidores em seminários, nas universidades e instituições de ensino formal. Também movimentaremos a agenda da Secult e da comunidade na realização de seminários na própria Cidade, convidando personalidades, outros gestores e acadêmicos, além de ativar os fóruns de discussão com cada segmento artístico junto à secretaria, a fim de um fortalecimento de diálogo e para melhor atendermos as necessidades dos artistas.

A Secult participa permanentemente de eventos e intercâmbios ligados a diversos segmentos culturais. Dentre estas ações, citamos a itinerância do Museu da Língua Portuguesa, a parceria com MIS São Paulo, o SESC, o SISEM, o Orla Cultural, as Oficinas Pagu e o apoio a palestrantes na qualificação de projetos para Editais como Proac.

Políticas culturais da campanha

A área cultural santista foi uma das que mais receberam investimentos no governo do prefeito Paulo Alexandre Barbosa. Um dos projetos mais emblemáticos foi a reabertura da Concha Acústica, que permanecia fechada desde 2001 após interdição judicial. O espaço foi totalmente remodelado, ganhou nova acústica e hoje serve de palco para diversos eventos artísticos que atraem grande público e oferecem oportunidade para artistas locais.

A lista de novos equipamentos inclui a criação da primeira sala de cinema da Zona Noroeste e a construção de três novas Vilas Criativas. Os equipamentos da Penha, Vila Nova e Vila Progresso são estratégicos, pois estão instalados em áreas de baixo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.

O PROCultura viabilizou a remodelação do Museu da Imagem do Som de Santos –MISS e a reforma do Cine Arte Posto 4. Também garantiu intervenções nos Teatros Coliseu e
Guarany que, pela primeira vez, conseguiram o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros – AVCB.

Como proposta de Programa de Governo, defendemos o fortalecimento do Fundo de Apoio à Cultura – Facult. A lei sancionada pelo prefeito em 2014 possibilitou o aporte de verbas da Secretaria de Cultura no Fundo, que também passou a receber recursos de indenizações advindas de ações civis públicas.

Vamos priorizar as oficinas culturais, que hoje são oferecidas em espaços como o Cais Milton Teixeira, na Vila Mathias, e o Centro Cultural da Zona Noroeste, por meio da Fábrica Cultural, além da Biblioteca Plínio Marcos, no Caruara, e o Centro Cultural e Esportivo do Morro do São Bento.

Em parceria com o Governo do Estado, vamos fazer do Centro Cultural da Nova Cadeia Velha um grande espaço de apoio à produção cultural. O prédio foi reformado, restaurado e revitalizado, algo que não acontecia desde 1980. As ações serão promovidas por meio do Conselho Gestor, que conta com representantes da Prefeitura, Estado e integrantes da sociedade civil.

> Fortalecer o Fundo de Apoio à Cultura – Facult;
> Priorizar as oficinas culturais, ampliando a oferta em áreas de maior vulnerabilidade social;
> Implementar as metas do Plano Municipal de Cultura em parceria com o movimento artístico-cultural, órgãos governamentais, terceiro setor e iniciativa privada;
> Valorizar e recuperar o patrimônio cultural, material e imaterial da Cidade;
> Incentivar e auxiliar os Pontos de Cultura;
> Capacitar os gestores e produtores culturais na elaboração e prestação de contas de projetos em programas de incentivo à cultura;
> Fomentar a participação da Cidade nos roteiros das grandes mostras de arte, música, dança, literatura e demais manifestais artístico-culturais.

*Lincoln Spada