Grupos do Sul e Nordeste encenam no FESTA 57 no fim de semana e feriado

O teatro baiano, paulista e sul-riograndense se encontra no FESTA 57 – Festival Santista de Teatro neste final de semana e feriado. Com o tema ‘Fomento’, o evento realizado pelo Movimento Teatral da Baixada Santista terá atividades gratuitas espalhadas no centro, na orla e nos morros.

No sábado, a Fonte do Sapo sedia três espetáculos. O primeiro será às 15h30, do ‘Meu Quintal é Maior que o Mundo’, do Teatro Wídia, com dramaturgia coletiva baseada na literatura de Manoel de Barros. Com direção de Platão Capurro Filho e elenco formado por Diego Alencikas, Ernani Sequinel, Fabíola Moraes e Val Nascimento, o teatro e rua apresenta quatro atores que, crianças, jovens e adultos se encontram para brincar e fazer poesia onde o olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê a obra do poeta homenageado.

Já às 16h30, é a vez da Animalenda encenar ‘A Moça da Janela’, com dramaturgia coletiva, direção de Kely de Castro, sendo que esta também encena com Vinícius Camargo e Estela Carvalho. Na peça, o moço do correio tem cacoete de poeta, escrevendo versos também para sua amada, a moça da janela, que todos os dias espera ansiosamente por uma correspondência. Seria esse amor correspondido? E, afinal quem escreve as tais cartas para a personagem?

Por sua vez, às 18 horas, a companhia do Rio Grande do Sul, Oigalê, apresenta ‘Baile do Anastácio’. Com direção de Claudia Sachs e dramaturgia de Luis Alberto de Abreu, a peça tem no elenco Diana Manenti, Giancarlo Carlomagno, Hamilton Leite, Mariana Horlle, Paulo Brasil e Paulo Roberto Farias. O foco da narrativa é o desenho de Riograndino Anastácio e a esposa Minuana que querem casar sua filha, Maria Pampiana, em busca de um pretendente com bons dotes. Parábola cômica sobre a devastação ambiental e os jogos de interesses em torno da terra, a peça utiliza como metáfora o casamento arranjado que ignora o desejo da mulher.

O festival também realiza atividades no Centro Histórico. No Teatro Guarany (Praça dos Andradas), às 21 horas, ocorre o espetáculo baiano ‘A História dos Ursos Pandas’. A montagem aborda a história de dois jovens que acordam na mesma cama e não se lembram como foram parar lá. Os dois decidem iniciar uma relação e fazem o acordo de passar apenas nove noites juntos e separar-se logo em seguida. As nove noites passam lentamente e parecem uma vida inteira, que abriga alegrias, descobertas, desilusões, novos e velhos rituais de amor. Em cena, os atores Cláudio Varela, Fernanda Veiga e Neto Cajado. O espetáculo integra o Projeto Matéi, que apresenta cinco peças de Matéi Visniec dirigidas por Marcio Meirelles.

No final do dia, às 22 horas, na Vila do Teatro, o projeto Muito Prazer, Meu Nome é Hip Hop apresenta a batalha musical ‘Fomento à Cultura Local’, com rodadas de Dee Jay Mamuth, Jotaerre, Gabriel Azul, Estado de Elevação e Fragmentes. A intervenção também contará com discotecagens e grafite do casal Fixxa e Colante.

Domingo

O domingo também é repleto de apresentações gratuitas. No Emissário Submarino, às 18 horas, ocorre a montagem ‘Rua da Amargura’, do Coletivo e Ates de São Vicente. Do autor Jobson Ricciardi e direção de Rodrigo Caesar, este contracena no teatro de rua com Lucas Magalhães, Jair Moreira, Gustavo Roëmer, Anderson Avelino, Renato Primata, Damiana Albuquerque, Hugo Henrique, Danny Pereira e Oliver Souza. Na peça, um grupo circense chega à Cidade para contar a milenar história da Paixão de Jesus Cristo. As fitas acompanham o figurino, um plano de fundo colore o cenário, máscaras personificam os personagens, realizando uma mistura de cores, formas e sons para apresentar tal espetáculo.

Em seguida, é encenado a peça ‘A Exceção e a Regra’, da Cia Estável de Teatro de São Paulo. O clássico de Brecht tem direção de Renata Zhaneta, com núcleo de dramaturgia de Andressa Ferrarezi, Daniela Giampietro, Nei Gomes e Maurício Hiroshi. No elenco, Daniela Giampietro, Juliana Liegel, Luiz Calvvo, MirieleAlvarenga,Nei Gomes, Osvaldo Pinheiro, Sérgio Zanck, Paula Cortezia e Zeca Volga. Na peça, uma pequena caravana corre em direção à Urga, sendo que quem chegar primeiro terá a concessão de explorar o petróleo local. Logo, a viagem revela as relações de explorador e explorado, ações de abuso de um e submissão de outro.

Por sua vez, O Coletivo apresenta ‘Projeto Bispo’, às 21 horas, na Casa da Frontaria Azulejada. Dirigida por Kadu Veríssimo e dramaturgia de Junior Texaco, a peça tem os atores Junior Brassalotti, Juliana Sucila, Renata Carvalho, Carolina Stahnke, Rafael de Souza, Wendell Medeiros,Malvina Costa, Sérgio Bratz, Vidah Santos, Juliana Damazio e Zécarlos Gomes. O espetáculo traça um panorama que conduz a uma imersão na perspectiva do excluído e um mergulho no labirinto do artista Arthur Bispo do Rosário, entre metáforas sobre a dicotomia loucura e liberdade.

Diego Alencikas e sua banda embalam a noite às 23 horas, na Vila do Teatro. Com Gui Papini (bateria), Iuri Martins (flauta, saxofone, escaleta), João Felipe Graf (guitarra), Lelê Lótus (percussão) e Pedro Pessoa (contrabaixo), o grupo cria prórias versões de música num repertório de MPB, Soul, Rock Anos 60, Rock’nRoll, Música Latina, Reggae, Xote, Baião, Bossa Nova, entre outros.

Segunda-feira

O feriado da Independência do Brasil também contará com diversas encenações. Os Panthanas – Núcleo de Pathifarias Circenses de Santos, por exemplo, apresenta ‘Os Desclassificados’, às 16 horas, na escadaria do Monte Serrat. A criação coletiva de Sidney Herzog, Junior Brassalotti e Pablo Bailoni conta o drama de três palhaços em busca de um emprego. As confusões criadas por eles, sempre contam com o público como elemento participante, discutindo as questões da valorização dos profissionais do riso e da precarização do mercado de trabalho.

A Casa da Frontaria Azulejada volta a ser palco teatral às 20 horas, com ‘Diário de Uma Revolucionária’, da Cia do Feijão. A peça tem direção e dramaturgia de Pedro Pires e elenco formado por Inês Soares Martins, Mila Fogaça, Natália Xavier, Suzana Muniz, Thais Podestá e Vanessa Garcia. A obra se baseia no diário ‘Paixão Pagu’, longa carta escrita pela ativista cultural sobre suas ideologias para seu companheiro Geraldo Ferraz, quando presa na ditadura Vargas.

Já às 21h30, na Praça dos Andradas, a paulistana Cia dos Inventivos fará a sessão ‘Azar do Valdemar’, com dramaturgia de Jé Oliveira, direção de Edgar Castro e atores-criadores Aysha Nascimento, Flávio Rodrigues e Marcos diFerreira. Na trama, uma trupe mambembe conta a história do desaparecimento de Valdemar e, com o público, tenta recriar a sua trajetória, um sequestrado pelo estado policial que vigora em nosso país. A peça é livremente inspirada no romance “Viva o Povo Brasileiro” de João Ubaldo Ribeiro.

Por fim, The Matuts e Aparícius apresentam seu repertório autoral plena de música instrumental e psicodelia às 23 horas, na Vila do Teatro. Atualmente está ativa na cena Hip Hop da baixada santista, com influências também de Jimi Hendrix, Bob Marley e Jorge Ben e de gêneros musicais como Afrobeat, Dube Reggae. Além de suas músicas autorais, a banda toca Black Sabbath, Sublime, Fela Kuti e nacionais como Luiz Gonzaga, Nação Zumbi e Bezerra da Silva. A banda é formada por Luan Campbell (bateria), Yuri Scavinski (guitarra), Rafael Viveiros (baixo), Cássio Peixoto (trompete) e Tiago Gadoni (teclados). Confira a programação em: fb.com/festivalsantistadeteatro e movimentoteatraldabaixadasantista.blogspot.com.

Tema

O FESTA 57 – Festival Santista de Teatro é o festival de artes cênicas mais antigo em atividade do Brasil, reconhecido pelo Governo Federal com a Ordem do Mérito da Cultura. Este ano, o evento conta com o tema ‘Fomento’, convide o público a refletir sobre a importância de uma lei de iniciativa popular para um Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de Santos, seguindo o modelo da capital paulista.

FESTA 57

O festival é uma realização do Movimento Teatral da Baixada Santista e da Secretaria de Estado da Cultura por meio do ProAC – Programa de Ação Cultural. O evento com apoio da Prefeitura de Santos e do Sesc além de parceria com a Cooperativa Paulista de Teatro, Movimento de Teatro de Rua de São Paulo, Rede Brasileira de Teatro de Rua, Vila do Teatro, Diário do Litoral, Escola de Samba União Imperial, Movimento Mães de Maio, Fundação Arquivo e Memória de Santos e Curta Santos.

Dia 5 (sábado)
15h30 – Fonte do Sapo – Teatro ‘Meu Quintal é Maior que o Mundo’, do Teatro Wídia;
16h30 – Fonte do Sapo – Teatro ‘A Moça da Janela’, da Animalenda (Itanhaém);
18h – Fonte do Sapo – Teatro ‘Baile do Anastácio’, do Oigalê (Rio Grande do Sul);
21h – Casa da Frontaria Azulejada – Teatro ‘A História dos Ursos Pandas’, do Teatro Vila Velha (Bahia);
22h – Vila do Teatro – Batalha Musical sobre Fomento à Cultura Local, do grupo Muito Prazer, Meu Nome é Hip Hop (Santos);

Dia 6 (domingo)
18h – Parque Roberto Mário Santini – Teatro ‘Rua da Amargura’, do Coletivo de Artes de São Vicente;
19h – Parque Roberto Mário Santini – Teatro ‘A Exceção e a Regra’, da Cia Estável de Teatro (São Paulo);
21h – Casa da Frontaria Azulejada – Teatro ‘Projeto Bispo’, do O Coletivo (Santos);
23h – Vila do Teatro – Apresentação do Diego Alencikas e Banda;

Dia 7 (segunda-feira)
16h – Escadaria do Monte Serrat – Teatro ‘Os Desclassificados’, de Os Panthanas (Santos);
20h – Casa da Frontaria Azulejada – Teatro ‘Diário de uma Revolucionária’, da Cia do Feijão (São Paulo);
21h30 – Praça dos Andradas – Teatro ‘Azar do Valdemar’, da Cia dos Inventivos (Santo André);
23h – Vila do Teatro – Apresentação de The Matuts e Aparícius Band;

*Lincoln Spada

Autor: Lincaos

Jornalista, ator e cineasta, assessora festivais de manhã, escreve em jornais diários à tarde e aceita farras à noite.

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