Cadeia Velha de Santos reabre como Centro Cultural

A Cadeia Velha de Santos será devolvida à população da Baixada Santista após um processo completo de restauro realizado pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, com investimento de R$ 10,6 milhões. Após debates com a classe artística e interlocução permanente com a Secretaria Municipal de Cultura de Santos, o espaço será reocupado pela Oficina Cultural Pagu – que integra o programa Oficinas Culturais da Secretaria da Cultura do Estado, com gestão realizada em parceria com a organização social Poiesis – e que passará a contar com um conselho consultivo para contribuir com a formulação das ações que serão lá desenvolvidas.

A Oficina Cultural Pagu deverá promover atividades de formação nos mais diversos formatos e linguagens, com a previsão de projetos específicos de acordo com as demandas identificadas, em linhas como teatro, artes cênicas, dança, cinema, artes visuais, circo, literatura, música, cultura caiçara, economia criativa, cultura digital, além de programação continuada de residências, exposições e apresentações artísticas.

Devido à importância patrimonial da Cadeia Velha como patrimônio cultural tombado pelas três esferas – nacional, estadual e municipal – uma das salas abrigará um centro de memória destinado à valorização do próprio edifício e sua importância para a história de Santos, registrando, por exemplo, a passagem pelo local da artista Patrícia Galvão, em 1931. Pagu foi a primeira mulher presa no Brasil por questões políticas, após apoiar a greve dos estivadores de Santos.

“Esta proposta articula uma função cultural de formação, em várias áreas, com a valorização das memórias e da história do edifício, atendendo às expectativas de todos os agentes culturais que foram nossos interlocutores na sua construção”, afirma o secretário de Estado da Cultura, Marcelo Mattos Araujo.

Um conselho consultivo integrado por oito pessoas vai ampliar a participação popular na gestão do espaço e contribuir para o planejamento e divulgação das ações. Ele será composto por representantes da Secretaria da Cultura do Estado e Secretaria Municipal de Cultura de Santos; pelo diretor do programa Oficinas Culturais; por representantes do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), do Conselho Municipal de Cultura de Santos (Concult), além de um representante da área cultural santista indicado pelo Concult; um representante da área cultural da Baixada Santista indicado pela Câmara Temática de Cultura do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb) e um representante da Câmara Setorial de Instituições de Ensino da Associação Comercial de Santos. A coordenação do conselho será realizada pela direção do programa Oficinas Culturais. A previsão é de que as obras civis continuem até fevereiro ou março e que as atividades sejam retomadas entre maio e junho.

Saiba mais

A Cadeia Velha de Santos é um dos edifícios coloniais mais antigos do município, construído em 1869. O prédio abrigou Casa de Câmara, Paço Municipal de Santos, Fórum e Hospital de Emergência, além de funcionar como cadeia da cidade por quase um século. Mas é no âmbito cultural que tem se destacado nos últimos anos, tendo sido ocupada pela Oficina Cultural Pagu até o início dos procedimentos para restauro.

Com mais de 2 mil m² de área construída, todos os espaços do térreo e do piso superior estão sendo recuperados, assim como fachadas, esquadrias e pinturas ornamentais. A obra está realizando também a adaptação de todas as áreas para receber pessoas com deficiência, além implantação de um elevador para acesso ao pavimento superior e de todos os requisitos de segurança e de proteção contra incêndio.

*Gisele Turteltaub

Autor: Lincaos

Jornalista, ator e cineasta, assessora festivais de manhã, escreve em jornais diários à tarde e aceita farras à noite.

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