Opinião: O bom prólogo juvenil em ‘Poemas de Origami’

Com entusiasmo recebi o livro ‘Poemas de Origami’. Com o selo da ONH-U pela AllPrint Editora, a publicação das jovens santistas Julia Mikita e Izabella Pawlak reúnem um olhar simbólico e positivo de como uma nova geração pode imaginar a vida que vem a seguir. Ao longo das 52 páginas, a obra serve principalmente, ao meu ver, como um bom prólogo para as futuras linhas das irmãs.

Na sua primeira metade, ambas esboçam suas perspectivas em poemas de estrofes e linhas curtas, tentando certas vezes, buscar o parnasianismo nas métricas. Embora não dê para reconhecer a autora de cada página, a simbiose fraternal da dupla permite o acerto de reunir os temas como estações de ano. Os assuntos são sortidos, citando sobre diferentes experiências, valores e convicções que acompanham uma ou outra autora. Ou ambas.

1Por compreenderem os blocos de poesias em estações de ano, surge um certo amadurecimento na fase dos versos frios. Nas primeiras páginas, as etapas eloquentes ainda colocam verbos rimando com verbos e advérbios ressoando advérbios, ousando pouco em temas delicados.

As metáforas de tornar estrelas com guardiãs e a possibilidade de criação de cenas como girassois e o tamanho de São Paulo tornam o outono mais interessante. O próprio ritmo das histórias me agrada mais no inverno. Há uma certa tristeza febril que me angustia e, consecutivamente, liberta os versos e faz-nos comungar melhor das emoções.

Ao descrever Cezário e as cenas do país das estrelas, sente-se a perda como um frescor de homenagem. Um banzo fundo e profundo que cativa. O ponto destoante vem a ser os versos em haicai da segunda parte, principalmente por não ser das moças irmãs, mas de outra autoria.

No entanto, é preciso ressaltar que a obra se complementa com esta outra metade, a partir de que o livro já leva no título que quer se fazer presente com o intercâmbio cultural com o Japão (Oriente). Bons ventos guiem este intercâmbio.

*Lincoln Spada

 

Autor: Lincaos

Jornalista, ator e cineasta, assessora festivais de manhã, escreve em jornais diários à tarde e aceita farras à noite.

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