Cristiano Ferri: ‘Como funciona um Laboratório Hacker dentro da Câmara’

O Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados foi o tema de palestra realizada pelo diretor da entidade, Cristiano Ferri Faria. O seu depoimento aconteceu em junho, no Museu Pelé (Santos), durante o LAB.IRINTO, encontro internacional sobre de laboratórios de cultura livre e iniciativas cidadãs realizada pelo Instituto Procomum.

Atualmente, o laboratório conta com espaço físico de acesso e uso livres para qualquer cidadão que queira trabalhar dados legislativos para ações de cidadania. O objetivo é promover ações colaborativas visando o aprimoramento da transparência legislativa e da participação popular no processo legislativo.

Cristiano é o diretor do Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados e um dos idealizadores do Portal e-Democracia dessa Casa. Como profissional da Câmara dos Deputados desde 1993, tem trabalhado em projetos relativos ao processo legislativo, qualidade da lei, transparência legislativa, democracia digital, atividades colaborativas (maratonas hacker) e inovação. É doutor em ciência política e sociologia e pesquisador associado da Universidade de Harvard.

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Relato de Cristiano Ferri

Junho de 2013 foi um momento muito importante do nosso projeto, que é uma forma de tentar utilizar a inteligência coletiva em prol de políticas públicas, dentro de um processo colaborativo com a população. Naquele período, mais do que nunca, os deputados estavam curiosos para saber como se envolver com o movimento de várias causas.

Sempre quis fazer um Hackathon (maratona hacker), e depois daquele momento, porventura dos 25 anos da Constituição, a gente conseguiu encaixar esta ideia e colocar 50 hackers trabalhando dados abertos da Câmara.

Maior transparência com informações

Vocês não imaginam a dificuldade inicial de explicar o que são dados abertos para os parlamentares, mas aí eles viram que este material público poderia servir para aplicativos. Ali, sugiram 23 aplicativos muito bacanas. O site da Câmara dos Deputados já é muito bom, porque dispõe de arquivos em áudio.

Mas ao trabalhar essas informações em um formato 2.0 sugere, por exemplo, na criação de um aplicativo reunindo estes discursos, e transformando em bolhas temáticas os assuntos mais discutidos pelos parlamentares. É uma forma de informação que ninguém tinha. E assim os próprios parlamentares passaram a entender que este é um outro tipo de visibilidade e transparência pública.

*Lincoln Spada

 

Quadrilha junina de SV, Paixão Caiçara é a 5ª melhor do Brasil

A vicentina Quadrilha Junina Paixão Caiçara se consagrou no Campeonato Brasileiro de Quadrilhas Juninas, realizado na última semana em Brasília. Atual campeão no festival de quadrilhas de São Vicente, o grupo alcançou na competição nacional o 5º lugar entre 14 coletivos participantes, além de ganhar a 3ª colocação na categoria de casal de noivos e de marcador.

“Quando anunciou o quinto lugar para a nossa junina, a felicidade tomou conta, pois estávamos fazendo história. Colocamos o Estado de São Paulo entre as melhores juninas do Brasil!”, alegra-se o presidente do grupo, Leandro Santos. “Dedicamos esta conquista a Deus pelo São João maravilhoso que vivemos este ano”.

Ele também estendeu os agradecimentos: “Aos nossos coreógrafos Will Rebles e Chiquinho The Best, à nossa diretoria e equipe de apoio, ao cenógrafo Sandro, às maravilhosas Sandra Alves, Jussara Rocha e Clélia Tavares, que liberam suas casas para que virem um barracão para nossa junina. E também aos arrais das comunidades, ao Higor Ferreira, ao Luiz Carlos, que colaboraram com nossa quadrilha, como também a todos meus alunos e amigos que colaboraram com doações, prêmios e conpras de rifas para viajarmos”.

*Lincoln Spada

 

Entrevista: Os passos de Guilherme Varella para políticas culturais

Quando Brasília se tornou berço do Ministério da Cultura, Guilherme Varella ainda pouco andava há exatos 30 anos. O paulista em seu segundo aniversário e a recém-criada pasta deram os primeiros passos separados. Cresceram um longe do outro. Foi na juventude que o advogado se aproximou do setor de políticas públicas.

Mestre na Universidade de São Paulo com a dissertação sobre o Plano Nacional de Cultura, apropriou-se das leis de direitos autorais no Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, incentivando em sua reforma com publicações, além de atuar em 2008 como produtor cultural a Caravana da União Nacional dos Estudantes.

> Confira as 23 propostas apresentadas na Caravana da Cultura em Santos
> Entrevista com ministro da Cultura Juca Ferreira
> Entrevista com secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Ivana Bentes

De braços dados com o segmento, foi convidado a ser chefe de gabinete e coordenador da assessoria técnica da Secretaria de Cultura de São Paulo junto de Juca Ferreira entre 2013 e 2015. Com a posse do gestor como ministro, Guilherme já estava de barba na capital brasileira, pronto para chefiar a secretaria de Políticas Culturais: “É que o MinC tem investido muito na juventude”.

03Ele sequer demonstra a pouca idade como desafio para o cargo. Didático como todo pesquisador, relata: “Temos trabalhado até aqui a tridimensionalidade da cultura, ampliando o seu conceito nos âmbitos cidadão, simbólico e econômico”. São justamente estes dois últimos fatores que o MinC deverá dar ênfase em sua trajetória.

O ponto de reflexão inicia no dia 9, com o processo de discussão da Política Nacional das Artes para entender as demandas de cada área junto da Funarte. “Vamos ter ao longo do ano caravanas percorrendo todo o Brasil, uma série de seminários para discutir temas, diálogos com cada setor e uma plataforma digital. Ela vai ter muitas publicações para discutir desde artes até modelos de transparência”.

As propostas de Guilherme vão ao encontro de novos retratos do cinema, do teatro, da música brasileira atual, etc. “A ideia é a gente conseguir mapear as cadeias produtivas de cada setor e atacar onde há o maior gargalo. Talvez na música, seja necessária a presença maior do estado para regulamentar os direitos autorais na Internet”, exemplifica o secretário.

04Com os dados na mão, crê que, consecutivamente, o ministério pode ajudar na geração de emprego e renda, na participação dos segmentos no PIB nacional (atualmente corresponde a 5% do valor total). Enfim, caminhar de bem com a economia criativa. “Mas em vez de termos uma secretaria específica desse tema, hoje queremos trabalhar transversalmente o tema da economia criativa em todas as áreas. Porque há a economia solidária nas produções locais, a dos grandes eventos e espetáculos, a das artes, a digital, a relacionada à propriedade intelectual. E cada uma tem sua cadeia própria de mercado”.

No entanto, tal andança não prevê a extinção das atuais 14 incubadoras da secretaria de economia criativa espalhadas pelo país. “Como centros de experimentação, elas tinham a função de formar empreendedores e gestores culturais, que trabalhavam inovação, tecnologia e outros temas. Cada uma tem sua vocação diferente da outra. Já que umas são mais desenvolvidas com as outras, vamos olhar para elas e planejar um salto maior, ampliar os seus conceitos”, ainda não definindo muito o porvir das iniciativas.

Se a jornada recente com o MinC aliada bem no período de corte financeiro o desagrada, o acadêmico peregrina por outra perspectiva. “Ao contrário do que se veicula na mídia, nos tempos de crise é o momento de pensar da diversificação de disponibilidades, organizar os meios para intervir na cultura, nos marcos legais, de pensar em cultura como um ponto central de desenvolvimento no País”.

*Lincoln Spada

 

Entrevista: Danilo Miranda lança Circuito Sesc de Artes em SP

“Leia Giulio Argan. É um teórico da arte que trata desde aquelas manifestações nas cavernas, da arte rupestre, até a arte moderna. Leia ele, outros. Leia muito”, recomendava Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo. Por um descuido, seu braço acalorou outro ombro. Em segundos, já bailava em quatro, cinco, seis cumprimentos sorridentes no Sesc Pompeia, onde foi lançado o Circuito Sesc de Artes 2015.

07O programa criado na última década possibilita um dia de oásis cultural pelo interior paulista. Municípios sem teatros, redondezas com raros cinemas, locais sem secretarias da cultura firmadas. A agenda da entidade abrange 108 cidades em 12 roteiros com 392 artistas, em linguagens como teatro, circo, dança, música, cinema, artemídia e cultura digital. Ao todo, 547 horas de atividades gratuitas e descentralizadas para um público de 280 mil espectadores. Confira aqui a programação completa.

Repensar num projeto de tal amplitude precisa mesmo de uma sensibilidade do gestor. O circuito abrange índices tão invejáveis quanto o seu similar criado pelo Governo Estadual. Em um único fim de semana, a Virada Cultural Paulista ocorre em 28 cidades, mas mantém cerca mais de 1500 horas de programação gratuita e milhares de artistas.

A principal diferença é que a iniciativa do Sesc percorre mais locais por ser realizada de 24 de abril a 10 de maio deste ano. Mas se os governos são obrigados a rever os gastos orçamentários, reduzindo expedientes de museus e fechando unidades de formação, a instituição privada goza da sorte de inaugurar neste sábado (dia 18) a sua 36ª unidade, o Sesc Jundiaí (Av. Antonio Frederico Ozanan, 6.600/Jundiaí). Segue abaixo a entrevista com Danilo Miranda.

Como você conceitua a arte?

06A arte e a cultura são permanentes em nossas vidas, desde o abrir dos olhos e o primeiro chorinho até nosso último suspiro. Vou dar um exemplo, um vídeo muito visto pela Internet. A história da Marina (Abramovic) está aí, para todos. A artista, sentada olhando as pessoas que a visitavam (na performance ‘The Artist is Present’). E então ela reencontra o ex-marido. Sentado na frente dela por um minuto.

Isto é pura arte. Um vídeo fantástico, um fato corriqueiro, mas que as pessoas ao redor e nós ficamos alterados, porque você se emociona, se toca com a cena. Não é que a arte é necessária. Ela é fundamental para a elevação do espírito. É com a arte que você se realiza plenamente enquanto sociedade.

Qual é a inspiração para o Circuito Sesc de Artes?

O Sesc tem uma tradição histórica em que nos espelhamos que é a das Unidades Móveis de Orientação Social que percorriam o interior paulista nos anos 50, 60. Somos remanescentes desse período, portanto, temos em nossa bagagem toda a história de desenvolvimento que o Sesc contribui por meio dessas unidades como escolas para lideranças comunitárias atendendo com saúde, lazer e cidadania. Era um projeto de caráter profundamente intenso por ser itinerante. E a partir dele nos inspiramos neste circuito.

Quais são os critérios para a escolha dos artistas? É pensado em levar produções que toquem temas específicos para os municípios selecionados?

09Olha, a gente não tem a intenção, por exemplo, de levar um rapper que trate da violência para uma cidade específica por ter altos índices. Nossos critérios são a qualidade das produções, fantásticas, algumas de custo altíssimo e, por isso, também pensamos na democratização para que essa qualidade chegue ao maior número de pessoas. Mas a arte contemporânea já traz consigo a problemática dos dias de hoje. O rapper de Brasília e de Goiânia geralmente fala dos mesmos problemas conhecidos pelos músicos do Rio e de São Paulo.

Penso que é importante levar para o interior essa discussão do contemporâneo e não vejo mais que haja mais ou menos conservadorismo em relação a quem more nos grandes centros urbanos. É importante que haja a vivência de diferenças e dos diferentes em qualquer parte, e até que o circuito passe e provoque estas discussões. Mas a nossa intenção é de levar a qualidade artística para estas cidades.

Muitos projetos do Sesc têm caráter educacional. Isso também se aplica no Circuito?

08O Circuito não tem o objetivo de resolver ou educar, mas de provocar, contribuir com a discussão das artes em São Paulo. Ele não tem um componente formativo específico como se fosse uma aula, mas informalmente podemos dizer que faz parte desta formação a provocação de manifestações culturais, de impactar o público. Porque se o público gosta do cantor, do maestro, do grupo que se apresenta, ele vai querer buscar o repertório dele por outras fontes.

Quais os resultados do Circuito Sesc de Artes? Algum comentário de um artista mais lhe marcou?

A quem inicia na carreira, o programa é válido pois dá repercussão, faz com que ele conheça mais públicos. Também lembro dos comentários do Emicida, do (André) Abujamra no nosso vídeo institucional. O que eles e outros com carreira consolidada comentam é que o programa possibilita que eles se apresentem em locais que geralmente nunca vão, porque a produção, o custo é muito caro de levar shows em cidades de pequeno, médio porte.

*Lincoln Spada

 

Sérgio Duarte leva o melhor do blues ao Sesc Santos

Com grandes talentos e festivais, o Brasil tem conquistado cada vez mais espaço no cenário do blues mundial e encontrou em São Paulo um de seus maiores palcos e também um de seus maiores músicos, o gaitista, cantor e compositor Sérgio Duarte. Ele estará no Sesc-Santos (Rua Conselheiro Ribas, 136), nesta quinta-feira (8/jan), às 21h30. Ingressos: R$5,00 a R$17,00.

Esse paulistano é um dos pioneiros e um dos maiores divulgadores do Blues e da Harmônica no Brasil e tem participação nos mais importantes festivais de blues do País. Com grande influência do Blues Tradicional dos grandes mestres da harmônica e tocando com um estilo que poderíamos chamar de ¨old school¨ Sérgio lança seu terceiro CD o ¨Acoustic Blues Harp¨, apresentando o que só 20 anos na estrada do Blues são capazes de ensinar.

Extraindo de sua harmônica timbres puros e limpos e explorando as sonoridades de instrumentos acústicos como do Dobro de Celso Salim e do Baixo Acústico de Rodrigo Mantovani. O resultado é um tributo aos grandes mestres do estilo com músicas que trilham pelos caminhos das sonoridades marcadas pelas raízes do blues.

Sérgio Duarte

02Com 20 anos de carreira, dois CDS e o terceiro em fase de produção, Sérgio Duarte é considerado um dos pioneiros e mais importantes gaitistas do Brasil. Tem influenciado as novas gerações de gaitistas e seu trabalho é elogiado por figuras referenciais do blues mundial, como James Cotton, Sugar Blue e Mark Hummel e o lendário guitarrista Buddy Guy, para quem já abriu shows.

Sérgio começou na música aos 12 anos, tocando violão por influência de bandas de rock como Led Zeppelin e Rolling Stones. Quando passou a se apresentar com grupos em São Paulo, optou pelo contrabaixo. No entanto, numa viagem a Minas Gerais, teve um encontro inusitado – e ponha inusitado nisso: ouviu o som de gaita vindo de uma caverna. Até hoje se pergunta quem era a aquele desconhecido que tocava o pequeno instrumento.

Mas isso já não importa muito. Tão logo voltou para São Paulo. Tratou logo de comprar uma gaita blues. E nunca mais se separou dela. Com o cantor Nasi, integra a banda “Nasi e os Irmãos do Blues” e até hoje participa dos projetos paralelos do ex-vocalista do Ira!.

Além sido, tem em seu currículo importantes festivais, como o de Rio das Ostras (RJ), Guaramiranga (CE), Natu Blues (SP), Sesc in Blues (SP) e Brasília (DF), entre outros. E ainda organiza o evento anual Harmônica & Blues Projeto Brasil, que reúne músicos do País inteiro em uma grande convenção nacional, com workshops e shows.

*Sesc-Santos