Cadeia Velha: Prefeitura admite não ter orçamento para gerir prédio estadual

Por Lincoln Spada | Foto: Sander Newton

Em relação ao anúncio do Governo Estadual em fazer convênios com as prefeituras para que as oficinas culturais ocorram no próximo ano em prédios municipais, a Prefeitura de Santos nega ter sido consultada, e também evita assumir a gestão do Centro Cultural Cadeia Velha, prédio previsto para encerrar as atividades no próximo dia 16.

>> Prédio estadual fechará dia 16 de dezembro
>> Veja histórico de ações no centro cultural este ano

Em nota, a Prefeitura afirma que “qualquer ação referente aos cursos realizados pela Oficina Cultural Pagu é uma decisão da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Sobre o cancelamento das atividades, a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), não foi comunicada formalmente sobre o assunto. No que diz respeito à absorção pela Secult das atividades realizadas na Cadeia Velha, no caso de um suposto cancelamento dos cursos lá oferecidos, não há previsão orçamentária em 2017 para tal demanda”.

A posição é mais do que as oficinas, mas também da gestão do prédio estadual. O orçamento geral do município entre 2016 e 2017 oscilou de R$ 2,5 bi para R$ 2,6 bilhões, mas a Secretaria da Cultura terá redução de R$ 33,1 mi para R$ 31,6 milhões. Outra pasta que até poderia manter a Cadeia Velha seria a Secretaria de Turismo, mas também apresenta verba menor: de R$ 8,9 mi para R$ 8,4 milhões.

Mais uma razão para a Prefeitura não assumir o edifício e sua programação é o seu carro-forte na formação artística. “Vale destacar que a Secult mantém o programa Fábrica Cultural, que oferece 33 modalidades de cursos artísticos gratuitos, com cerca de 3700 alunos. As atividades ocorrem em espaços como o Centro Cultural da Zona Noroeste, Centro de Atividades Integradas (Cais) Milton Teixeira, Centro de Cultura Patrícia Galvão, Biblioteca Plínio Marcos (Caruara) e Centro Turístico, Esportivo e Cultural do Morro São Bento”.

Rumos do prédio estadual

Atualmente, a Cadeia Velha é um edifício mantido pelo Governo Estadual gerido em convênio pela OS que mantém a Oficina Cultural Pagu (OC Pagu). Noutra dezena de oficinas culturais pelo interior paulista a serem desativadas este ano, as unidades já pertencem às prefeituras ou poderão ser municipalizadas, conforme anúncio do Governo às mídias de de Limeira, São José do Rio Preto, São Carlos e Araraquara.

Já em Ribeirão Preto, a própria secretária de Cultura, Dulce Neves, aceitou a decisão do convênio. “Fui informada que as oficinas no estado de SP não serão fechadas e sim, haverá negociação para uma parceria entre Estado e Município, como convênio para que a Secretaria de Cultura faça a gestão da oficina cultural, a fim de garantir sua permanência, abrangência e democratização do acesso”.

Também serão desativadas as sedes de Presidente Prudente, Marília, Sorocaba, São José dos Campos e Iguape. Questionada a possibilidade de alguma outro modelo ou parceria de gestão para a Cadeia Velha de Santos (sede da OC Pagu), o Governo de SP por meio da Secretaria de Cultura do Estado não respondeu à revista desde o último dia 29.

Garantia de quatro meses

Fechada por quase cinco anos, a Cadeia Velha de Santos foi restaurada com verbas estaduais de R$ 10,6 milhões. Desde 2015, o Governo Estadual garantia que atenderia a demanda de audiências e campanhas públicas por um centro de artes integradas. Mas após reabrir o edifício em agosto, o governo anunciou o fechamento da oficina cultural e o rumo incerto do patrimônio nacional. Segundo estimativas, uma oficina cultural custa, em média, menos de R$ 1 milhão. Desde sua reabertura, o local recebeu cerca de 15 mil visitantes.

Cadeia Velha: Governo de SP anuncia municipalizar espaços das oficinas culturais

Por Lincoln Spada | Foto: Sander Newton

Bem verdade que a Prefeitura de Santos ainda não foi notificada oficialmente sobre uma possível parceria para gerir o Centro Cultural Cadeia Velha. Assim, enquanto a Prefeitura não se posiciona sobre o caso, o Governo Estadual já oficializou aos veículos de comunicação sobre o destino das oficinas culturais do interior e litoral paulista, entre elas, a Oficina Cultural Pagu. A proposta é que os prédios sejam municipalizados em troca de atividades estaduais eventuais e itinerantes.

>> Prefeitura não pretendia municipalizar o prédio
>> Prédio estadual fechará dia 16 de dezembro

Neste dia 28, a Secretaria de Cultura do Estado anunciou à TV Santa Cecília: “O programa passa apenas por uma mudança administrativa, que tem justamente o objetivo de gerar economia de recursos sem prejudicar o atendimento à população. Em vez de gerido por uma Organização Social [Poiesis], o programa passará a ser realizado em espaços municipais e em convênio com as prefeituras, que conhecem melhor do que ninguém cultura e necessidades locais”.

A mesma nota foi publicada em jornais de Limeira, São José do Rio Preto, São Carlos e Araraquara. Já em Ribeirão Preto, a própria secretária de Cultura, Dulce Neves, aceitou a decisão do convênio. “Fui informada que as oficinas no estado de SP não serão fechadas e sim, haverá negociação para uma parceria entre Estado e Município, como convênio para que a Secretaria de Cultura faça a gestão da oficina cultural, a fim de garantir sua permanência, abrangência e democratização do acesso”. Também serão desativadas as sedes de Presidente Prudente, Marília, Sorocaba, São José dos Campos e Iguape.

Garantia de quatro meses

Fechada por quase cinco anos, a Cadeia Velha de Santos foi restaurada com verbas estaduais de R$ 10,6 milhões. Desde 2015, o Governo Estadual garantia que atenderia a demanda de audiências e campanhas públicas por um centro de artes integradas. Mas após reabrir o edifício em agosto, o governo anunciou o fechamento da oficina cultural e o rumo incerto do patrimônio nacional. Segundo estimativas, uma oficina cultural custa, em média, menos de R$ 1 milhão. Desde sua reabertura, o local recebeu cerca de 15 mil visitantes.

Único programa metropolizado

Hoje na Baixada Santista, o Governo Estadual centraliza investimentos em Santos: Virada Cultural Paulista, Tocando Santos e o Museu do Café. Cada vez mais reduzido, o Programa de Ação Cultural – ProAC contemplou coletivos de Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá. A itinerância artística do Circuito Cultural Paulista acontece em Bertioga, Cubatão, Itanhaém e Praia Grande. Já a gestora do Centro Cultural Cadeia Velha, a Oficina Cultural Pagu é o único programa estadual que realiza trimestralmente atividades nas nove cidades da Baixada Santista, além de ser a única ação estadual que alcança Mongaguá e Peruíbe.