Cadeia Velha: Governo de SP reúne prefeituras na terça; Santos nega assumir prédio estadual

Por Lincoln Spada

O fechamento das oficinas culturais no interior e litoral paulista será tema de reunião reservada nesta terça-feira (dia 6), na capital. Os secretários municipais das dez cidades-polos das oficinas estaduais foram sondados no último dia 28 e, convidados oficialmente no decorrer da semana pela equipe da Secretaria da Cultura do Estado, José Roberto Sadek.

Provavelmente, o secretário de cultura de Santos, Fábio Nunes, estará presente, tendo em vista que o município perderá a Oficina Cultural Pagu – atual gestora da Cadeia Velha de Santos. Sem a programação artística, está incerto o futuro do patrimônio recém-aberto. Prefeituras de Marília, São Carlos e São José dos Campos já confirmaram representantes. Em Ribeirão Preto, a administração aceitou a proposta de assumir a sede local de oficinas culturais. Em nota, o Governo de SP diz que a parceria é de garantir as ações artísticas, mas somente em espaços municipais.

> Artistas convocaram reunião paralela
> Programação da Cadeia Velha em 2016

Recentemente, a Prefeitura de Santos afirma que não foi comunicada formalmente sobre o fechamento da Cadeia Velha e da OC Pagu. “No que diz respeito à absorção pela Secult das atividades realizadas na Cadeia Velha, no caso de um suposto cancelamento dos cursos lá oferecidos, não há previsão orçamentária em 2017 para tal demanda”. A questão é que o orçamento geral do município entre 2016 e 2017 oscilou de R$ 2,5 bi para R$ 2,6 bilhões, mas a Secult terá redução ano que vem (menos R$ 1,5 milhão), o mesmo caso de outras pastas, como o Turismo (menos R$ 500 mil).

Garantia de quatro meses

Fechada por quase cinco anos, a Cadeia Velha de Santos foi restaurada com verbas estaduais de R$ 10,6 milhões. Desde 2015, o Governo Estadual garantia que atenderia a demanda de audiências e campanhas públicas por um centro de artes integradas. Mas após reabrir o edifício em agosto, o governo anunciou o fechamento da oficina cultural e o rumo incerto do patrimônio nacional. Segundo estimativas, uma oficina cultural custa, em média, menos de R$ 1 milhão. Desde sua reabertura, o local recebeu cerca de 15 mil visitantes.

 

 

Secretários de Cultura da região debatem no Sesc Santos nesta quinta

Por André Azenha

Com o objetivo de traçar uma reflexão sobre os últimos quatro anos na cultura da Baixada Santista e um prognóstico para o futuro, o 5º CulturalMente Santista – Fórum Cultural de Santos, evento que integra o calendário oficial do município, promove um debate com os Secretários de Cultura da Região, quinta-feira, 16h, na sala 1 do Sesc Santos (Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida). A entrada é franca.

Já estão confirmados os secretários Fabião Nunes (Santos), Amauri Alves (São Vicente) e Wellington Borges (Cubatão), Odair Dias Filho (Guarujá), além do diretor executivo da Agência Metropolitana de Santos, Hélio Hamilton. A mediação será da jornalista Nara Assunção.

 

Baixe aqui o edital completo do 5º Facult de Santos

Enfim, o secretário de Cultura de Santos, Fabião Nunes, cumpriu a palavra ao publicar ainda em 2015 o 5º Concurso de Apoio a Projetos Culturais Independentes no Município de Santos, referente ao Fundo de Assistência à Cultura (Facult). No entanto, trata-se de ser um edital consecutivamente a ser validado durante o ano de 2016.

Não é a primeira vez na atual gestão que há um intervalo maior de um ano na publicação de editais – o concurso não foi publicado em 2013, também por questões financeiras. Na administração anterior da Prefeitura, o edital foi publicado três vezes entre 2010 e 2012, mas as duas primeiras edições contemplaram respectivamente R$ 170 e R$ 130 mil, valores abaixo do combinado com a classe artística (R$ 300 mil). A atual edição, por sua vez, é de R$ 360 mil.

Inscrições

De 27 de janeiro a 26 de fevereiro ficam abertas as inscrições para o ‘5º Concurso de Apoio a Projetos Culturais Independentes no Município de Santos’. O cadastro pode ser feito pessoalmente nos dia úteis, na Secretaria de Cultura de Santos (Secult), das 9h às 12h e das 14h às 17h, ou enviado pelo correio (Avenida Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias, CEP: 11075-907).

As propostas devem ser encaminhadas ao setor de Protocolo, no terceiro andar. Podem ser inscritos projetos de artistas independentes santistas que atuem nas áreas de artes plásticas, artes gráficas, artesanato, cultura integrada e popular, circo, artes de rua, dança, música, teatro, cinema, videografia, fotografia, literatura, patrimônio cultural e natural, infraestrutura cultural ou outros segmentos culturais aprovados pelo Conselho Municipal de Cultura. O concurso irá contemplar 30 propostas, cada uma com R$ 12 mil. Baixe aqui o edital.

*Lincoln Spada

 

BoqNews garante que Cadeia Velha de Santos será museu após fevereiro

“E quem ainda tinha esperança de que o prédio da Cadeia Velha voltasse a abrigar as oficinas culturais após a reforma (…), pode tirar o cavalinho da chuva. Está quase certo que o local passará a abrigar um museu com acervo contando a história da cidade desde sua fundação em 1545”. A nota publicada na coluna de Jairo Sérgio, do  BoqNews, nesta semana foi refutada pelo governo estadual, mas é uma versão afirmada por outros como verá a seguir.

Prazo

Fechada desde dezembro de 2011, a Cadeia Velha de Santos terá sua obra civil concluída daqui a dois meses, no entanto, não será aberta de prontidão. Em nota, a atual gestora, a Secretaria de Estado da Cultura (SEC), afirma que: “Lembramos apenas que fevereiro, segundo informamos oficialmente em ocasiões anteriores, é o prazo para finalização da obra civil. Depois disso, é necessário ainda equipar e instalar o equipamento cultural”.

No projeto de restauro, apenas foram especificados os espaços do auditório e da cafeteria. O órgão coordenado pelo museólogo Marcelo Araújo estima que a data da reinauguração será anunciada na segunda quinzena de janeiro. Bem verdade que a SEC anunciou há quatro meses que fevereiro era o prazo final da reforma.

Entretanto, a entrega do edifício restaurado foi adiada e divulgada pela imprensa desde 2013: nesta época, seria reaberta em 2015. Ao longo de 2014, as datas passaram para o último trimestre do ano atual. Neste primeiro semestre, divulgou-se que o prédio poderia ser reinaugurado durante as festividades de aniversário de Santos (janeiro de 2016). Desta vez, a extensão do prazo.

Museu da Cidade

O detalhamento da administração do espaço será anunciado provavelmente em janeiro, no entanto, a SEC refuta duas versões que foram ventiladas por representante da Prefeitura de Santos à classe artística recentemente. A primeira é de que o governo teria recuado a proposta de tornar a Cadeia Velha num ‘Centro Cultural’, e voltaria a estudar a viabilidade de implantar o ‘Museu da Cidade’, ideia já recusada nos últimos anos por movimentos artísticos.

Na audiência de maio em Santos entre o governo e artistas, houve um consenso para o edifício ser um centro de oficinas culturais e ocupação artística em vez de priorizá-la como local para acervo, mesmo não esquecendo de se tratar de um patrimônio e espaço museológico.

O consenso pautou o encontro, e tinha sido aprovado pro representantes do Movimento Teatral da Baixada Santista (que articula mais de 20 grupos da região em suas atividades), Agrega Cultura (que reúne dezenas de artistas em várias linguagens), Coletivo Sanatório Geral (artes visuais e cênicas) e Orla Cultural (rede de cerca de 30 museus e espaços museológicos da região).

A própria SEC afirma manter que: “A diretriz central do espaço será a ativação e mobilização da cena cultural da Baixada Santista. Para isso, a proposta é de que o Centro Cultural promova a integração de múltiplas linguagens artísticas por meio de oficinas, cursos de formação e laboratórios, seminários, intercâmbios técnicos, ações de fomento, pesquisa, apoio à criação e à difusão cultural, em um modelo renovado e convidativo”.

Conselho gestor

Por telefone no último dia 18, Gisele Turteltaub, a assessora da SEC garantiu, “a Secretaria não recuou e, aliás, está feliz com o interesse constante dos artistas e da comunidade com a Cadeia Velha, o que mostra a importância do espaço”. Ao mesmo tempo, ela também afirmou se tratar de um “boato qualquer grupo que se defina como conselho gestor da Cadeia Velha”.

Em nota, “as providências para composição do conselho estão em andamento e novidades serão anunciadas em breve”. É que de acordo com outra versão, um grupo de pessoas ligadas a partidos políticos e classe artística estaria se reunindo às manhãs de sábado em um shopping no Gonzaga com aval do governo para se habilitar como conselho oficial da Cadeia Velha para administrar o equipamento.

Noutros momentos, a única definição do conselho gestor é de que teria a colaboração da sociedade civil e as tratativas seriam lideradas pela Prefeitura por meio da Secretaria da Cultura, indicando uma gestão compartilhada. Por sua vez, em nota no último dia 10, a Prefeitura informou apenas que: “sobre a Cadeia Velha, você deve entrar em contato com a Secretaria de Estado, porta voz sobre o assunto”. Enquanto nem o Governo Estadual, nem a Prefeitura detalham sobre o conselho e gestão do espaço centenário, surgem gradativamente diferentes versões sobre o prédio que nas últimas duas décadas era referência na formação e difusão cultural da Baixada Santista.

*Lincoln Spada

 

5º Facult terá verba de R$ 360 mil, edital deve sair em dezembro

A Prefeitura de Santos divulgou exclusivamente ao blog que o próximo edital do Facult – Fundo de Assistência à Cultura – que financiará projetos culturais independentes terá verba de R$ 360 mil. Em nota, ela explica que o aumento no investimento é em decorrência “de um reajuste referente a 20% da correção monetária relativa ao período de 2013 a 2015”.

A Administração também anunciou que “a verba para o 5º Facult é proveniente de participação na arrecadação das bilheterias dos teatros municipais”. Embora questionada, ela não explicitou que a própria secretaria complete a verba, como ocorreu no último edital, em 2014. Também não citou se é possível que os 30 projetos contemplados que venham a receber R$ 12 mil sejam contemplados com uma primeira parcela única (atualmente, é pago a primeira parcela com 70% e, após a conclusão das atividades, outros 30%).

O Poder Público também não citou prazo para publicação do concurso ao blog, embora o secretário da Cultura, Fabião Nunes, já tenha garantido em entrevista à TV Tribuna que é um compromisso de que ele seja aberto ainda este ano. Na próxima segunda-feira, haverá reunião do Conselho de Cultura e há uma atenção de parte dos conselheiros da sociedade civil para que haja quórum suficiente para apreciar e aprovar o edital.

Desde outubro, há uma campanha nomeada ‘Prefeito, cadê o Facult?‘ pelos movimentos artísticos (teatro, cinema, artesanato entre outros), cobrando que o edital que por lei deve ser publicado anualmente não deixe de continuar em 2015. Há dois anos, o concurso foi cancelado por falta de recursos.

Facult

Cerca de 300 ações artísticas foram financiadas pelo Fundo de Assistência à Cultura (Facult) de Santos nos últimos cinco anos. Desde sua regulamentação em 2010, ocorreram quatro concursos premiando 90 projetos com R$ 10 mil cada, que, por sua vez, tinham como contrapartida realizações gratuitas em, pelo menos, três locais em Santos (Zona Noroeste, Morros e Área Continental).

*Lincoln Spada

 

Após movimento de artistas, Secult garante publicar Facult 2015

O edital do Fundo de Assistência à Cultura – Facult de 2015, em Santos, deve ser publicado ainda este ano. A garantia foi dada em entrevista ao vivo pelo secretário da Cultura de Santos, Fabião Nunes, à TV Tribuna na noite desta última segunda-feira. “Eu também quero o Facult”, a publicação, ele afirmou na entrevista, “é um compromisso do nosso governo”.

O tema das pendências do edital em 2012 e da nova publicação, não lançada este ano, é a pauta desta semana do Movimento Teatral da Baixada Santista, da Associação Casa do Artesão de Santos, do Coletivo Audiovisual de Santos, entre outras entidades. Ainda no final de semana, uma foto circulou nas redes sociais com o tema ‘Prefeito, cadê o Facult?’.

> Facult: A mobilização dos artistas em 2010
> Facult: As desventuras do edital até 2015
> Facult: A repercussão das artes pela Cidade

O Facult prevê, a cada ano, o apoio a 30 projetos culturais com a liberação de R$ 10 mil para cada espetáculo selecionado. Para o G1 Santos, o ator e professor João Paulo Teixeira Pires comenta: “Por diversas vezes, temos enfrentado com essa administração o cancelamento do Facult. E esse ano, corremos o risco de, novamente, esse fundo não ser disponibilizado. Movimentos artísticos precisam se manter, precisam de recursos para realizarem suas produções”.

03O Diário do Litoral (DL), o G1 e a TV Tribuna também registraram o protesto de artistas na abertura do 9º Festes – Festival de Teatro dos Estudantes de Santos. Pelo jornal do DL, em entrevista a Carlos Ratton, o jornalista Alessandro Atanes, já contemplado pelo projeto, avalia: “além de perdemos 30 novas produções artísticas e culturais e a riqueza simbólica que isso traz, considero uma contradição incrível que uma cidade que prega a inovação e o empreendedorismo não valorize o Fundo de Cultura como política pública de estímulo à economia criativa”.

Segue na íntegra o texto que circula entre os movimentos artísticos da Cidade:

PREFEITO, CADÊ O FACULT DE 2015?

Santos pode perder 90 ações de artistas locais este ano. Já passamos do mês de “Setembro Criativo” e nada de ser publicado o concurso do Facult em 2015.

Como lei municipal desde 2008, o Facult deve abrir um edital anual de R$ 300 mil para financiar 30 produções santistas a ocorrerem em todas as regiões da Cidade.

Mesmo em ano de crise, a Secult tem verba de R$ 32 mil e até mediou volumosos recursos com empresas pro carnaval da Grande Rio. Mas até agora não garantiu recursos pro Facult.

Pelo jeito, será o segundo ano do atual governo que a arte santista não terá edital. Afinal, prefeito de Santos, cadê o Facult?

*Lincoln Spada

 

Bazar Cafofo celebra aniversário no Galpão neste sábado

Com 40 expositores nos segmentos de moda, gastronomia, artesanato, arte e design, o Bazar Cafofo comemora seu primeiro aniversário neste sábado (dia 8), das 14 às 22 horas, no Galpão (Rua Senador Feijó, 509/Santos). A partir desta edição, o Cafofo tem parceria com o Curso Tecnológico de Gestão de Moda da Unisanta, começarão a desenvolver uma série de ações que tem como objetivo a profissionalizaçao dos expositores e o intercâmbio com estudantes de moda.

Marcas como: Kadu Verissimo, Remember my Name, Brecho Second Hand, Kordone Bijoux, Cafusa, Na Casa Dela Tinha, Pé de Louro, Gato Negro Artesanais, Chocólatras Gourmet, Piba Pupplet, Você de Bolsa, Art. Gifts, Santo Protetor, FTRKD, Jardim Fechado, Aroma da Terra estão entre os expositores desta edição. Além disso, o evento terá a Pururuca Food Truk e a Rádio Cafofo, discotecando o secretário da Cultura de Santos, Fábio Nunes, a ex-prefeita Telma de Souza, os organizadores do Santos Jazz Festival, Denise Covas e Jamir Lopes, o tradutor Marcelo Rael, a coordenadora do MISS, Raquel Pellegrini, o trio Brazuca in Pop e DJ Milla.

O evento começou na internet como uma ideia dos atores Luiz Fernando Almeida e Kadu Verissimo para comercializar suas roupas e obras, mas acabou se tornando um espaço multicultural, que reúne moda, música e arte, tudo no mesmo espaço. “A brincadeira ficou seria e virou um empreendimento. O bazar tem ajudado a movimentar a economia criativa aproximando pequenos negócios de diversos segmentos do publico e ajudando a identificar este publico consumidor, além de apresentar novos talentos, nas áreas de música, moda, artes e design. Aqui, os expositores são rotativos, então o publico pode conferir produtos diferentes a cada edição e fugir da mesmice dos grandes centros de compras.”, conta Luiz Fernando Almeida, produtor do evento.

*Luiz Fernando Almeida

 

Entrevista: Fabião Nunes avalia os caminhos do Facult

Democrático e descentralizado, o Fundo de Assistência à Cultura de Santos marca um caminho nos rumos de políticas públicas da Cidade e Região. Em números, os passos do Facult ja contemplaram em quatro editais desde 2010 cerca de 90 produções independentes artísticas e, consecutivamente, com mais de 300 atividades ocupando a orla, centro, morros, Zona Noroeste e Área Continental.

Ao encarar esta trajetória, “acredito muito no potencial do Facult, acredito muito que este edital permite que a gente tenha um processo hiperdemocrático de acesso à cultura”, avalia o secretário de Cultura de Santos, Fabião Nunes. No entanto, titular da pasta desde janeiro, ele busca uma jornada que equilibre as pendências de pagamento do concurso anterior, como também a possibilidade do fundo caminhar para a nova edição ainda este ano.

> Facult: A mobilização dos artistas em 2010
> Facult: As desventuras do edital até 2015
> Facult: A repercussão das artes pela Cidade

Em entrevista exclusiva ao blog, o gestor explica sobre os caminhos jurídicos que rondam o Facult de 2013, as perspectivas para o fundo diante da crise econômica internacional e que mudanças pretende discutir no roteiro desta iniciativa municipal.

Na reunião do Concult deste mês, um representante da secretaria anunciou que nem todos os projetos aprovados pelo Facult de 2013 receberam às segundas parcelas – referentes à conclusão de 13 produções artísticas, num valor total de até R$ 40 mil. Quando o edital do Facult é publicado no Diário Oficial, já não há verba reservada para sua conclusão?

Em nenhum momento, os projetos não foram financiados por falta de dinheiro. E é importante que consigamos debelar todas as dúvidas sobre o Facult. Em todos os anos, o edital abre com a verba reservada. O não pagamento é porque cada projeto de 2013 [que ainda não foi pago por completo] teve uma peculiaridade, a maioria deles foi a questão da prorrogação do prazo. E é esta prorrogação que está gerando um entendimento dúbio juridicamente do gabinete e da procuradoria municipal.

Pode-se descrever qual razão a Secult não fez o pagamento final desses projetos (sem reserva no fundo, atraso na prestação de contas ou de finalizar o processo)? Em quanto tempo prevê que haja esses pagamentos?

Desde que entrei na Secretaria da Cultura, pedi para ver todas as dívidas que temos, entre elas, a deste Facult que ainda está em aberto. Mas é que ele deixou de ser um processo de vontade administrativo, ele virou jurídico. Já nos reunimos com a Procuradoria Geral do Município, e o pagamento das produções é um consenso, a não ser que algum destes projetos não tenham cumprido junto às prestações de contas.

Claro que a gente não quer deixar de pagar, isso trava até o astral aqui da Secretaria da Cultura, queremos honrar todos os contemplados do edital. Mas por esses motivos múltiplos condicionados a falta de documentos [da Procuradoria] que contemplem a análise do processo de pagamento, não tenho também como confirmar quando vamos efetivar os pagamentos.

A Secult já pediu a abertura de um novo processo à Procuradoria Geral do Município para o pagamento dos artistas. Isto significa que existe um prazo máximo para a conclusão de cada edital do Facult? Portanto, é possível que este atraso se repita?

Então, essa questão do prazo máximo de cada edital é o que está ainda sendo discutido. A Procuradoria Geral do Município vai fazer a interpretação da legislação quanto à prorrogação do prazo, até para evitar que essa situação aconteça no futuro.

A lei do Facult já foi discutida em antigas reuniões do Concult para sofrer alterações, como outras fontes de recursos além de bilheterias dos teatros e eventos culturais e aumento gradativo do valor do edital (ambas ações eram compromissos do plano de governo do prefeito), restringir o uso do fundo às produções culturais por meio de edital. Como anda o processo de atualização da lei e quais destas ações mencionadas a secretaria prevê incluí-las?

A lei já prevê que o fundo receba novas fontes de recursos, mas ela não restringe que o Facult financie somente editais. O fundo tem essa permissividade, ele pode amparar a secretaria quando tem uma falta na dotação das orquestras, cachês ou de atividades culturais, mas isso não acontece com frequência.

Vem às vezes até como recomendação da Secretaria de Finanças quando pode se encaixar o pagamento pelo fundo, mas claro que queremos usar dessa dinâmica com frequência, porque queremos ter mais verba para os próximos editais. Pode-se também ter uma lei específica de fomento às linguagens artísticas, sem a liberação do dinheiro de editais para outros fins, gosto desse caminho. Podemos debatê-lo dentro do Conselho Municipal de Cultura.

Quanto ao aumento gradual do edital, foi um compromisso setorial do prefeito em 2012, mas em 2015 temos um ano atípico na questão econômica. Não quero soar deselegante, gostaria de ter mais condições de poder atender os artistas, mas a realidade administrativa é outra, vivemos em uma crise macroeconômica, não é somente em Santos. É duro de falar, mas entre botar mais artes nas ruas ou comprar máquinas e equipamentos de saúde, o orçamento municipal vai preferir a outra área.

Este é um ano absurdo em querer falar de dinheiro, existe uma retração econômica, temos que ser muito criativos, porque a realidade é dura, e a demanda de serviços básicos como saúde e educação consomem mais dinheiro. Embora mesmo nesta situação, a gente tem o investimento em cultura que está na porta das pessoas, com programação de peças e apresentações em teatros públicos, a Concha Acústica, as novas parcerias para fazer essas entregas culturais à população, entre outros.

Qual o valor que o Facult reserva atualmente? Já tem uma previsão de quando a Secult abrirá um novo edital? Haverá mudanças no edital?

Olha, não sei informar o valor do fundo atualmente [o jornal A Tribuna divulgou em julho que o fundo arrecadara R$ 137,8 mil]. Claro que é vontade do governo de lançar o edital o mais breve, mas depende da evolução do superávit [aumento do orçamento] da Prefeitura a partir de agosto, porque existe inclusive a possibilidade de completarmos [os R$ 300 mil para o edital] e a gente colocá-lo para rodar.

Uma ideia que faço e vou discutir com o Conselho Municipal de Cultura, é de que o futuro edital contemple menos projetos, mas dê mais recursos a cada um, prestigiando mais os artistas e produtores independentes da Cidade. Mas isso ainda vai ser discutido. Bem, não tenho previsão de lançar o 5º Facult, mas você será o primeiro jornalista para quem vou ligar avisando.

*Lincoln Spada

 

Cadeia Velha: Governo Estadual divulgará projeto de uso em julho

O que será a futura Cadeia Velha de Santos? Atual gestora do patrimônio historico tombado, a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo afirmou nesta segunda-feira (dia 20) que o projeto de uso já deve ser divulgado ainda este mês. Em nota, ela garante que “A proposta está em fase final de elaboração junto com a Secretaria Municipal de Cultura e será divulgada até o final da semana que vem [dia 31]”. No mais tardar, em 1º de agosto pode ser feito o anúncio.

> Cinco modelos diferentes de ocupação artística para Cadeia
> Cinco razões para Cadeia Velha sediar a OC Pagu
> Cinco espaços museológicos com artes integradas

O blog questionou a Secretaria se este projeto deve atender aos anseios da classe artística da audiência pública realizada em maio em Santos. Mais especificamente: a transferência de sede da Oficina Cultural Pagu, a ocupação de grupos artísticos e a atenção como espaço museológico, além de quais programas estaduais estarão contemplados no local.

Pela questão do planejamento ainda estar sendo finalizado, a Secretaria não confirmou nenhuma informação. No entanto, a assessoria da pasta enfatizou que “estão sendo consideradas todas as opiniões colhidas na audiência”, para contemplar “as expectativas da classe artística local e a necessidade de preservar esse importante patrimônio histórico da cidade”.

Atualmente, o edifício está sendo reformado com verba do Governo Estadual para ser reaberto em fevereiro de 2016. Uma proposta de gestão compartilhada entre as administrações estadual e municipal já foi ventilada durante este período.

A resposta na íntegra

A Secretaria da Cultura do Estado informa que estão sendo consideradas todas as opiniões colhidas na audiência pública, realizada em Santos no dia 6 de maio, para construção de uma proposta de ocupação da Cadeia Velha que contemple as expectativas da classe artística local e a necessidade de preservar esse importante patrimônio histórico da cidade. A proposta está em fase final de elaboração junto com a Secretaria Municipal de Cultura e será divulgada até o final da semana que vem.

*Lincoln Spada

Diálogo do MinC em Santos tem mais dúvidas que respostas; veja 23 propostas

Mais dúvidas do que respostas foram semeadas na Caravana da Cultura, promovida pelo MinC na última terça-feira em Santos. Ainda assim, a experiência para o ministro Juca Ferreira e os secretários de políticas culturais Guilherme Varella e de diversidade cultural Ivana Bentes foi avaliada como positiva. A razão do entusiasmo do trio é a mesma da falta de soluções práticas: a dificuldade que o Governo Federal tem de conhecer as demandas pontuais de cada região do Brasil.

Este ano, Santos foi o sexto município a receber a iniciativa que já percorreu Fortaleza e Região do Cariri (CE), São Luís (MA), Salvador (BA), Belo Horizonte (BH) e Recôncavo Baiano (BA). A escolha da cidade foi uma combinação do ministro com o seu amigo de longa data, José Virgílio, presidente do Instituto Arte no Dique: ele se comprometeu a destinar a verba federal de R$ 360 mil em conversa com o gestor. Aliás, Juca já visitara o município outra vez em 2008 – também para conhecer o instituto no Dique da Vila Gilda.

> Entrevista com o ministro Juca Ferreira
> Entrevista com secretário de Políticas Culturais, Guilherme Varella
> Entrevista com secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Ivana Bentes

“Venho aqui na maior boa vontade, não vim enrolar, cooptar ninguém (…). Isso aqui não é enrolação, não. Isso aqui é busca de diálogo, busca de cooperação”, enfatizou o ministro no Teatro Guarany. Da plateia, 23 pessoas pontuaram questões e demandas da Baixada Santista, todas anotadas pela trinca política. E cada um, ao lado do secretário municipal Fabião Nunes, pode tentar argumentá-las no final do encontro. Neste quebra-cabeça, as propostas e as respostas estão listadas a seguir:

021) Telma de Souza: Qual a visão de cultura do MinC para o Brasil?

Guilherme Varella: O ministério tem trabalhado até aqui a tridimensionalidade da cultura, ampliando o conceito com suas dimensões simbólica, econômica e cidadã. Ao contrário do que se veicula, nos tempos de crise é o momento de pensar da diversificação de disponibilidades, organizar os meios para intervir na cultura, nos marcos legais, de pensar em cultura como um ponto central de desenvolvimento no País. O que também nos guia é a camada de vê-la como um direito das pessoas.

2) Marcelo Ariel: Criação de um centro de apoio ao escritor, como faz a ONG Fórum da Cidadania de Santos; criação da integração das bibliotecas do País; criação de universidades livres de arte; solução para manutenção dos pontos de cultura do Brasil.

3) Brunão Mente Sagaz: As novas formas de desenvolvimento de políticas públicas federais.

05Ivana Bentes: Quando penso nos pontos de cultura, entendo que nós somos os médicos cubanos do MinC, espalhados em mil municípios. Em qualquer lugar que chegamos, ou tem, ou teve ou vai ter um ponto de cultura. Desde o início do programa, foram 4 mil pontos de cultura. (…) Os recursos públicos são muito significativos, o estado brasileiro deve mobilizar e incentivar. (…) Hoje o ponto de cultura é um projeto que é política de estado, dentro da Lei Cultura Viva, algo que nem o Bolsa Família é. Ou seja, independente do governo, ele continuará a acontecer no Estado. Tem o orçamento próprio. Mas os últimos quatro anos foram um momento de desinvestimento, então sabemos que há redes que se desfizeram nos municípios. (…) Vamos lançar três editais estratégicos em junho: um em apoio a ações de mídia livre junto ao audiovisual com o Ministério das Comunicações; outro é um edital de redes de pontos de cultura, porque quanto se está preocupado em articular em rede, você se torna um ser político; o terceiro edital é de cultura indígena.

4) Sylvia Helena Souza: Proposta de eixos para o MinC: universidade como espaço de produção e cultura; universidade como espaço de mediação, difusão de conhecimentos e obras artísticas; saber mais sobre o edital Mais Cultura nas Universidades.

Guilherme Varella: Esta é a hora de criarmos uma forma que atenda todos os pleitos da comunidade. É preciso uma reaproximação com as universidades, para possibilitar o processo criativo, que esta seja uma política pública a ser descrita, e a outra questão é de indicadores culturais. Faltam informações e estatísticas sistematizadas para todos consigam ter um diagnóstico e cenário comum de análise.

5) Aparecida Oliveira: Qual a dificuldade do trabalho em rede do MinC e do Ministério da Educação?

01Guilherme Varella: A cultura é muito mais que um ornamento do processo educacional, já estamos discutindo ações para complementar de forma vistosa os processos educacionais e queremos fazer com que as políticas públicas contemplem o audiovisual na escola, entre outros projetos. (…) O Juca e o Janine (ministro da Educação) têm uma ótima relação.

6) Talita Fernandes: Garantia em todos os editais nacionais de critérios de igualdade racial, gêneros e transgêneros. Criação de incubadoras culturais junto a municípios para formação de produtores e gestores. Ocupação artística de espaços ociosos, como os galpões e armazéns do Porto de Santos.

7) Junior Brassalotti: Mais fomento ao audiovisual como a lei dos curtas antes dos longas-metragens; ocupação de equipamentos públicos federais.

02Juca Ferreira: Sou favorável que abra equipamentos públicos geridos por movimentos culturais da Cidade (…) Em São Paulo, quando era secretário de Cultura, íamos experimentar a co-gestão de espaços com movimentos artísticos, e aí avaliarmos. (…) Eu topo viabilizar o espaço do cais do Valongo com a Prefeitura. Mas vamos ter que definir juntos o uso daquilo ali.

8) Karla Lacerda: quais as diretrizes do MinC para investimentos na formação inicial de artistas? Regularização do projeto Cultura Sem Fronteiras. Mais políticas para segmentos artísticos.

9) Reginaldo Pinto de Oliveira: Capacitação de produtores culturais.

Juca Ferreira: A formação no Brasil é um escândalo e até devemos fazer uma parceria com o Ministério da Educação. (…) Não podemos mais viver da precariedade, preciso ter mais formação para técnicos, gestores e artistas. (…) Tem artistas que não tem como sobreviver, em geral, e isso é muito difícil, temos que olhar mais para a política de fomento no Brasil.

10) Rogério Baraquet: Qual é a política básica do MinC para melhoria de equipamentos públicos?

Juca Ferreira: Existe um descaso das cidades em manter os equipamentos e as memórias. (…) Tem certas demandas que são de nível municipal e estadual, nem sempre podemos abraçar todas.

11) Eduardo Ricci: Legado dos megaeventos – Copa do Mundo e Olimpíadas – para o fomento do cinema brasileiro. Quais os resultados para o audiovisual diante da secretaria federal de economia criativa?

01Juca Ferreira: No campo audiovisual, passamos de 6 para 200 produções de filmes nacionais por ano, estamos conquistando públicos, linguagens, ainda são aos poucos, mas é uma experiência bem-sucedida. Nós aprovamos também a lei da TV a cabo (de aumento da produção e circulação de produções audiovisuais na programação das emissoras), que, diga-se de passagem, a maioria dos cineastas foi contra ou indiferente. Hoje o projeto dá quase R$ 1 bilhão por ano.

12) Caio Martinez Pacheco: Na região, os investimentos culturais geralmente são mais em obras do que na programação local para ocupar os espaços; mais investimento para fomento artístico; reestruturação dos editais da Funarte, já que é predominante os projetos contemplados nas capitais em vez do interior; uma nova lei de Prêmio do Teatro Brasileiro em que haja um orçamento próprio para o segmento; se as demandas das antigas caravanas até 2008 já foram realizadas pelo MinC.

13) Sandra Alves: Reabertura do Prêmio Klauss Vianna.

04Guilherme Varella: O diagnóstico só vamos ter quando colocarmos o bloco nas ruas, perceber onde é que estão as peculiaridades regionais. (…) Os gestores públicos precisam ter dados para revisar, para gerenciar, e os artistas também para pleitear, pautar o nosso trabalho. (…) Nós teremos no próximo dia 9 de junho, o processo de discussão da Política Nacional das Artes [para entender as demandas de cada segmento] junto da Funarte.

Juca Ferreira: O diálogo é uma prática democrática. (…) Na área de políticas de artes, a Funarte (localizada no Rio de Janeiro) não ajuda nem a dos cariocas. Vamos discutir mais a política, porque “farinha pouca, meu pirão primeiro” é muito famoso. Vamos refletir de novo, criar um fórum específico que incorpore a Funarte. É um esforço necessário, (…) de construir com vocês esta política.

0114) Platão Capurro Filho: Reconhecido pela Ordem do Mérito Cultural, qual a possibilidade de convênio permanente do Festa – Festival Santista de Teatro com o MinC?

Juca Ferreira: Sobre a questão do Festa, sugiro que batam primeiro na porta do Fabião. Depois em nível estadual. E depois converse com o ministério. Existem outros festivais antigos no Brasil.

15) Cleofaz Hernandes: Mais investimentos no artesanato paulista como ocorre no Norte e Nordeste. Cadastramento de todos os artesãos.

16) Artista plástica e designer Rosilma: Enfrentar a terceirização de trabalho para alta moda; projetos para empreendedorismo feminino; investimento no artesanato urbano.

Guilherme Varella: O artesanato é um elemento interessante, pois une a questão simbólica e econômica. É importante o MinC entender as cadeias, o marco regulatório, a possibilidade do cadastramento do artesanato. Estamos trabalhando ativamente para as economias de cada segmento.

Juca Ferreira: Vou começar uma negociação para que o artesanato entre no Ministério da Cultura, atualmente ele integra o de Desenvolvimento e Comércio, mas este não está com um olhar sensível para o segmento. Também estamos tentando trabalhar a gastronomia, o design e a moda no MinC, porque eles são partes importantes da cultura (…). Certamente nestes quatro anos, vamos ter um movimento seguro destes segmentos para que estejam no ministério.

17) Mestre Márcio: Recentemente patrimônio da humanidade, como a capoeira é contemplada pelo MinC?

01Juca Ferreira: Em 2003, conversando com o Gilberto Gil, passamos a abrir editais de capoeira viva, capoeira na escola, encaminhamos o dossiê para a ONU para reconhecer como patrimônio da humanidade. Mas nós estamos com um perigo atualmente, que é um projeto de lei que tenta desapropriar a capoeira. Segundo ele, só poderão dar aulas de capoeiras quem for os profissionais de educação física. Nós estamos a fim de sensibilizar o Congresso, pois isso é um crime, porque a capoeira é mais que uma luta marcial, dança, é uma série de dimensões feitas por pobres capoeiras envolvidos ideologicamente. (…) Foi algo genial que o Brasil inventou, coisa de preto, e estamos nos mobilizando para evitar a aprovação da lei.

18) Raquel Rollo: Muitos editais ainda não foram pagos. Aproveito e leio a carta da Rede de Teatro de Rua Brasileira: “Já há oito anos, divulgamos, rebatemos, sentamos, exigimos ações concretas e efetivas pela arte pública e cultura do nosso país, já que o governo vergonhosamente vem sumindo ano a ano, para um estado de legitimação de falsa participação, de um falso programa de cultura brasileira. Cansamos e não vemos sentido em dialogar com o ministro da Cultura se as conversas sempre reclamam de faltas de verbas. (…) Endossamos esse caldo com professores, movimentos de moradia, saúde, trabalhadores, quilombola, indígenas, povos da floresta, LGBT, feministas etc. Não há como construir mais pautas, nos últimos oito anos já fizemos reuniões e cartas, resta pôr em prática”. Entre as demandas: editais com dotação orçamentária; fim da Lei Rouanet.

Juca Ferreira: A minha vinda não é uma enrolação, uma substituição pela falta de verbas. (…) Eu não acredito em política pública construída dentro de gabinete, foi assim que avançamos em políticas culturais. (…) O MinC existe para receber a demanda da população. Não estou querendo cooptar ninguém. (…) Não é verdade que faltando verba, o MinC não vai fazer nada. (…) Mesmo nos melhores momentos, o dinheiro nunca foi suficiente para todas as demandas. Mas desde que entrei no ministério (2002 a 2010), o orçamento subiu de R$ 237 mi para R$ 2,3 bi.

Guilherme Varella: Teve uma demora neste semestre, porque há já o atraso natural a pagar os editais, mas acho que gradativamente eles estão sendo pagos, ainda mais agora, porque o orçamento do ministério foi liberado na última semana.

19 e 20) Hércules Góes e Bruno Fracchia: A mudança da Lei Rouanet.

21) Lincoln Spada: Qual o desafio para ainda não mudar a Lei Rouanet desde 2008?

Juca Ferreira: A Lei Rouanet é uma enganação, a pessoa sai alegre com o crédito na mão e não consegue financiamento das empresas. (…) Todo mundo sabe sou o maior arqui-inimigo da Lei Rouanet, porque quando pedimos pro Ibge (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os números foram escandalosos. Não é uma lei que dá suporte a política pública de cultura.

01Para o artista pedir o reconhecimento de poder usar a lei (em que empresas aplicam seus impostos em projetos culturais), o Ministério utiliza mais de 300 funcionários para avaliar a proposta e a prestação de contas, e quando a gente aprova, as empresas só tem interesse por aqueles que dão retorno de imagem, atores famosos de novelas, da Broadway.

A Lei Rouanet representa 80% do dinheiro que temos de fomentar a cultura. Isso não é só neoliberal, isso é um escândalo. Um ministro da Inglaterra quando viu os dados, disse que até lá seria impossível dar dinheiro público para construir a imagem das empresas. Isso é perverso. Boa parte do Norte do Brasil tem retorno de 0%. No Nordeste, por causa de Pernambuco e Bahia, 4%. Em Minas, 10%. No Rio e São Paulo, 80%. E aqui dentro, das capitais, são sempre os mesmos, 60% dos investimentos. (…)

03Tem instituições que pegam R$ 90 milhões, R$ 60 milhões, e não tem como proibir, porque ela foi criada na época do governo Collor, que queria privatizar os recursos públicos. Nós vamos mudar a lei para o Pró-Cultura, onde o dinheiro público (dos impostos) vão para um fundo público (movido por editais aos projetos artísticos). (…) Esperamos mudar a lei este ano, muitos senadores foram a favor da mudança. (…) Mas há no Brasil uma onda reacionária, que quer retroceder a política e que precisamos nos mobilizar.

22) Tarcísio de Andrade: O MinC defende que a gratuidade do transporte público pode fomentar o acesso à cultura?

23) Rodrigo Marcondes: Como iniciar o Sistema e Plano Municipal de Cultura.

[As duas propostas não foram contempladas em nenhum argumento]

*Lincoln Spada